O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, nesta sexta-feira (17), que o ex-presidente Bolsonaro está envolvido com a onda de desinformações sobre a fiscalização da Receita Federal sobre transações financeiras envolvendo o PIX.
“Eu tenho para mim que o Bolsonaro está um pouco por trás disso, porque o PL financiou o vídeo do Nikolas [Ferreira, deputado federal], o Duda Lima [ex-marqueteiro de Bolsonaro] foi quem fez a produção daquele vídeo”, declarou o ministro em entrevista a CNN Brasil.
“E eu penso que o Bolsonaro tem uma bronca da Receita Federal pelas questões conhecidas: a Receita descobriu o roubo das joias, abriu investigação das rachadinhas, abriu investigação sobre os mais de 100 imóveis comprados pela família Bolsonaro sem uma notável fonte de renda. Os Bolsonaros têm uma bronca da Receita Federal por conta desses três episódios”, completou.
Medida revogada
As declarações de Fernando Haddad aconteceram após o anúncio de que a Receita Federal decidiu revogar a decisão do monitoramento do PIX. Antes da decisão, o deputado federal Nikolas Ferreira postou um vídeo nas suas redes sociais explicando a, até então, a nova medida do governo e questionando sobre a possibilidade do PIX ser taxado. A postagem viralizou nas redes sociais e fez pressão contra a medida.
Na quarta-feira (15), após pressão popular, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, anunciou que a medida de monitoramento foi revogada.
O ministro explicou que o objetivo da Receita era mirar grandes crimes, como cibernéticos e cometidos por postos de combustíveis. “E quiseram vender a tese de que ia fiscalizar o pequeno negócio”, disse Haddad.
“Eles não escolheram a Receita Federal, na minha opinião, por outra razão. Eles ficaram com lupa nos atos burocráticos da Receita, que são tomados há mais de 20 anos, para combate ao crime”, disse Haddad nesta sexta-feira.
Haddad defendeu o governo Lula dizendo que o PIX não iria ser taxado e afirmou que a ideia de criar um novo imposto sobre a transação era o objetivo do governo anterior.
“Quem defendia o imposto sobre o Pix era o [Paulo] Guedes [ex-ministro da Fazenda]. O governo Lula não tem no plano de governo dele nada disso”, disse.
Quando perguntado sobre o papel do governo em lidar com crise de comunicação, o ministro minimizou o papel da gestão. “Você não tem a vacina contra a mentira antes da mentira ser dita. É uma ilusão imaginar que você vai descobrir a mentira que vai ser dita”, afirmou.
O que aconteceu?
No início do ano, entrou em vigor um ato da Receita Federal que instituiu mudanças no monitoramento de dados financeiros por parte do órgão.
Instituições financeiras passariam, então, a informar movimentações superiores a R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas, em operações como Pix, TED, DOC ou saques. Esses limites substituiriam os valores anteriores de R$ 2 mil e R$ 6 mil, respectivamente.
Várias fake news começaram a surgir em relação ao tema, com grupos afirmando que a medida resultaria em um imposto sobre o Pix ou faria t rabalhadores autônomos caírem na malha fina.
Após negar diversas vezes as campanhas de desinformação que surgiram, o governo agora decidiu voltar atrás e não implementar a mudança no Fisco.