quinta-feira, 30 janeiro 2025
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Brasil x EUA: veja o que um país compra do outro

MARTIN BERNETTI

Comércio internacional vira alvo de embates entre governo dos EUA sob Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira (27) que o Brasil “quer o mal” do país norte-americano, isso por conta das tarifas de importação impostas ao parceiro comercial. Porém, os EUA continuam sendo um dos principais destinos de exportações e importações do Brasil. 

“Coloque tarifas em países e pessoas estrangeiras que realmente nos querem mal”, disse Trump. “A China é um grande criador de tarifas. Índia, Brasil, tantos, tantos países. Então, não vamos deixar isso acontecer mais, porque vamos colocar a América em primeiro lugar, sempre colocar a América em primeiro lugar”, afirmou.

Trump assumiu a presidência no último dia 20 de janeiro, com a intenção de retaliar países que impõe tarifas consideradas altas ao comércio do país.

Os Estados Unidos perderam para a China o posto de principal comprador de produtos brasileiros em 2009, mas continuam sendo um parceiro comercial relevante. Em 2024, 12% das exportações do Brasil, equivalentes a US$ 40,3 bilhões, tiveram como destino a economia americana.

No que diz respeito às importações, os EUA também já não ocupam a liderança desde 2017. No último ano, o Brasil adquiriu US$ 40,6 bilhões em produtos americanos, representando 15,5% do total importado.

A soma das trocas comerciais entre os dois países — exportações mais importações — atingiu US$ 80,9 bilhões em 2024, um crescimento de 8,2% em relação a 2023. Esse foi o segundo maior volume da série histórica, ficando atrás apenas de 2022 (US$ 88,7 bilhões). Os Estados Unidos seguem como o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás da China.

Segundo a professora de economia da PUC, Cristina Helena de Mello, a lógica do governo Trump é de retaliação. Porém, ela ressalta que o Brasil é relevante no contexto de segurança alimentar dos EUA, por exportar, prioritariamente, complementos a perfis produtivos.

“Uma das retaliações possíveis seria deixar de importar produtos do Brasil. Por outro lado, o Brasil também poderia aumentar seu volume de importações da China de produtos de competição direta com os EUA. Isso redesenharia as lógicas comerciais entre os países, que representariam mais custos para as empresas envolvidas nessas relações comerciais”, pontua.

Exportações brasileiras para os EUA

Refinaria da Petrobras
Agência Brasil

Refinaria da Petrobras

As vendas do Brasil para os EUA cresceram em todos os setores em 2024:

  • Indústria de transformação: +5,8%
  • Setor extrativo: +21,1%
  • Agropecuária: +36,9%

O crescimento superou a média das exportações brasileiras para o mundo, o que mostra a importância do mercado americano para o Brasil.

O petróleo liderou as exportações brasileiras para os EUA, movimentando US$ 5,8 bilhões — valor inferior apenas aos US$ 20 bilhões vendidos para a China. Produtos semimanufaturados de ferro e aço aparecem em seguida, com US$ 2,8 bilhões em vendas, e os aviões ocupam a terceira posição, totalizando US$ 2,4 bilhões.

Clientes fazem compras no setor de carnes do supermercado Carrefour, em São Paulo, em 25 de novembro de 2024
NELSON ALMEIDA

Clientes fazem compras no setor de carnes do supermercado Carrefour, em São Paulo, em 25 de novembro de 2024

Uma novidade foi a entrada da carne bovina congelada entre os dez principais produtos exportados para os EUA, com US$ 883 milhões. A China, no entanto, manteve a liderança na compra desse item, com US$ 6 bilhões em importações.

Outros produtos brasileiros com boa aceitação nos Estados Unidos incluem sumos de frutas, café e pastas químicas de madeira.

Importações brasileiras de produtos americanos

Turbrorreator
Divulgação

Turbrorreator

Do lado das compras brasileiras, os produtos mais adquiridos dos EUA foram:

  • Turborreatores: US$ 6,2 bilhões (com Petrópolis e Gavião Peixoto como principais destinos no Brasil);
  • Óleo diesel e nafta para petroquímica: US$ 4 bilhões;
  • Gás natural liquefeito (GNL): US$ 2,2 bilhões.

Além desses, a lista de importações inclui petróleo, aeronaves, medicamentos e sangue, entre outros produtos.

Cristina Helena de Mello pontua que as balanças comerciais tendem a ser desequilibradas por características próprias dos países. “A gente pode tentar buscar um equilíbrio maior, mas nós temos objetivos conflitantes, o Brasil quer exportar produtos de maior valor agregado, e Estados Unidos também, os dois buscam uma reindustrialização positiva e um fortalecimento das economias. Nesse sentido o equilíbrio é mais complexo de ser construído”.

Empresas envolvidas no comércio entre Brasil e EUA

Em 2023, o Brasil registrou um recorde de empresas exportadoras para os Estados Unidos, atingindo 9.553 firmas. Esse número coloca os EUA como o segundo maior destino individual das exportações brasileiras, ficando atrás apenas do Mercosul.

O volume de empresas brasileiras que exportam para os EUA cresceu de forma expressiva até 2005, mas sofreu uma queda acentuada entre 2005 e 2013, caindo de 8.023 para 5.448. No entanto, a recuperação veio nos últimos anos.

Quando se consideram apenas países, sem blocos econômicos, os Estados Unidos lideram há 22 anos consecutivos como destino das exportações de empresas brasileiras. Já nas importações, os EUA são o segundo maior parceiro do Brasil desde 2008, tendo perdido a primeira posição para a China.

O número de empresas brasileiras que importam produtos dos Estados Unidos é ainda maior do que o de exportadoras, mas tem se mantido estável ou até mesmo caído nos últimos anos. Em 2023, foram 12.182 importadoras brasileiras comprando dos EUA, um número 11,4% menor do que há uma década.



Fonte: iG

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