Da Redação Avance News
O maior gargalo da pesquisa relacionada ao trigo no Cerrado é a resistência à brusone, doença fúngica que pode comprometer uma lavoura.
Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, Vanoli Fronza, atualmente só há uma variedade de semente tolerante à doença, mas a instituição de pesquisa não é a detentora da tecnologia.
Ele disse que a Embrapa deve lançar uma variedade do tipo em breve. “Ela já foi validada, registrada no ministério, está na parte da multiplicação de sementes, a fase final. Falta proteger a patente. Se tudo der certo, no ano que vem ela vai para os produtores de sementes e, em 2026, os agricultores já poderiam plantar. Esse seria o cenário ‘ótimo’. O mais provável é que ela chegue ao produtor em 2027”, afirma.
Ele explicou que há trâmites legais e burocracias que fazem parte do processo. “Tem questões documentais; a legislação para registro de proteção da propriedade intelectual; a lei de produção de sementes”, diz.
Segundo Fronza, o registro “sai fácil”, já a proteção da patente é um caminho longo. “Há demanda do tipo para todas as culturas, não só o trigo. E tem uma ordem. Às vezes a fila é muito grande”, comenta.
Brusone
O pesquisador explica que a missão de quem planta trigo no Cerrado é uma faca de dois gumes: há quem plante mais cedo, para se vier a chuva, a lavoura escapar da brusone; por outro lado, quem planta mais tarde recebe menos chuvas, o que baixa o potencial produtivo.
“Ainda não existe um casamento entre tolerância à seca e resistência à brusone em uma só semente. Queremos uma cultivar completa”, salientou.
Adaptação ao Cerrado
Fronza explica que a Embrapa Trigo tem uma central de melhoramento sediada em Uberaba (MG), onde recebe as sementes cruzadas em Passo Fundo (RS).
É no ambiente do Cerrado que é feita a seleção.
“Quando temos as linhagens, elas passam por etapas para afunilar e promover as melhores”, esclarece. Inicialmente, a fase experimental restrita a algumas regiões. Posteriormente os ensaios são levados a outras. Os testes de produtividade avaliam indiretamente a adaptação ao Cerrado.
Ainda que o melhoramento genético seja o “carro-chefe” da Embrapa, o pesquisador explica que a pesquisa tem trabalhos em relação aos tratos culturais, entregando materiais que expliquem as novas cultivares, para que elas cheguem ao mercado com o manejo conhecido.
“Temos como lema a composição do sistema de produção. Para cada região, uma realidade. Por isso trabalhamos a inserção da cultura à sua maneira no sistema”, diz.