quinta-feira, 23 janeiro 2025
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Café e óleo mais caros: como o clima afeta o preço dos alimentos?

ESG Insights

Calor extremo e secas impactam no preço dos alimentos

A inflação acumulada em 2024 da categoria “Alimentação e Bebidas” foi de 6,44%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA), o indicador oficial da inflação, calculado pelo IBGE. O número ficou bem acima do índice geral, que fechou o ano em 4,29%.

Muito dessa alta se deve a fatores climáticos, como inundações e períodos de seca, que foram agravados pelo aquecimento global.

Café, óleo de soja, azeite de oliva, arroz e leite longa vida estão entre os itens que mais encareceram no ano passado. Em diferentes circunstâncias, todos sofreram efeitos de eventos do clima.

Aumento da inflação

Em São Paulo, por exemplo, alguns itens que compõem o grupo Alimentação da cesta básica também contribuíram para a alta de 8,9% no preço médio no ano passado, que chegou a R$ 1.326,72 em dezembro de 2024 — era de R$ 1.217,43 no mesmo mês de 2023 —, superando a inflação no período que foi de 4,83%, segundo o IBGE.

Nos supermercados da capital paulista, os principais produtos que alavancaram as médias de preços foram o café em pó (500g) e o óleo de soja (900ml). O primeiro teve alta no valor médio de R$ 14,05 para R$ 20,69 (47,26%), muito em razão da estiagem e das altas temperaturas em boa parte do ano, da redução dos estoques por causa da colheita abaixo do esperado e por problemas climáticos, pressionando os valores.

Levantamento mensal

Em comparação com novembro de 2024, o último dezembro contou com aumento na cesta básica paulistana de 1,83% – o preço médio de R$ 1.302,89 passou para R$ 1.326,72. Embora 20 dos 39 produtos pesquisados tenham registrado queda nos valores; mas, compensados por uma alta mais elevada dos demais componentes da cesta.

O óleo de soja e o pacote de café em pó tiveram alta, entre novembro e dezembro, de 10,5% e 6%, respectivamente.

Fatores climáticos

O clima como um dos culpados também é apontado por Gustavo Defendi, diretor da Real Cestas, empresa especializada no segmento de benefícios em cestas básicas. Segundo ele, a alta dos preços dos produtos da cesta básica é reflexo de uma combinação de fatores econômicos e climáticos, como a valorização do dólar, o impacto das exportações e as quebras de safra.

“O dólar é a principal variável quando falamos de commodities. Além disso, os eventos climáticos e as movimentações do mercado interno e externo influenciam muito”, afirma o diretor.

A situação do café é um exemplo emblemático citado pelo especialista. “Houve quebra de safra no mercado externo, o que aumentou a demanda por produtos brasileiros. Para os produtores, é mais vantajoso exportar, e isso eleva os preços no mercado interno”, explica. “O mesmo aspecto se repete em outros itens essenciais, ampliando a pressão sobre os orçamentos familiares”, continua Defendi.

Queimadas

O aumento das queimadas no Brasil, impulsionado pelas altas temperaturas de 2024, também tem tido um efeito cascata na economia. De acordo com o monitoramento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o último ano registrou um crescimento de 100% dos focos, com mais de 159 mil casos registrados. 

Além disso, um estudo publicado na revista Nature mostrou que a inflação relacionada a eventos climáticos pode aumentar os preços de alimentos em até 3% definitivamente a cada ano, até 2035.

Segundo o estudo, a cada 1º C de aumento nas temperaturas no mês, são mais 0,2% nos preços dos alimentos ao longo do ano seguinte, desconsiderando outros fatores, como guerras e recessões globais.

Efeito do El Niño

O fenômeno do El Niño, que é quando as águas do oceano Pacífico aquecem mais do que o normal, faz com que haja mais chuvas na região Sul do país e seca no Norte e no Nordeste. O efeito do fenômeno entre 2023 e 2024 ficou entre os cinco mais fortes da história, segundo a Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês).

Durante sua influência ocorreram as inundações no Rio Grande do Sul e a grave seca nas regiões Norte e Nordeste. Foram oito ondas de calor no Brasil em 2024, sobretudo no inverno, que foi o segundo mais quente da história com temperatura média de 23,1º C, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).



Fonte: iG

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