quarta-feira, 27 novembro 2024
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Câmara aprova projeto que permite a estados venderem direitos sobre dívidas a receber

A Câmara aprovou nesta terça-feira (4) projeto que dá aval à União, estados e municípios para venderem à iniciativa privada e a fundos de investimentos o direito sobre créditos que tenham a receber, antecipando receitas e evitando o risco de sofrerem calote. O texto vai à sanção.

O projeto foi aprovado por 384 votos favoráveis e 59 contrários. O texto foi mantido conforme aprovação no Senado, realizada em 2017. Tanto o PL, quanto o governo e partidos da base orientaram favoravelmente à proposta. PSOL e Novo orientaram contra e criticaram o texto (leia mais abaixo).

A venda dos direitos à dívida à iniciativa privada deverá ser autorizada pelo Poder Legislativo (federal, estadual ou municipal). Também é obrigatório que não seja modificada a natureza do crédito e as condições de pagamento, bem como a competência para a cobrança dessas dívidas.

O objetivo, segundo defensores do projeto, é permitir que os entes recebam o dinheiro de dívidas que jamais receberiam caso não houvesse a venda desses direitos a outros credores. Esse processo é chamado de securitização.

“A securitização de dívidas representa uma importante inovação para a gestão fiscal de estados e municípios brasileiros que irá garantir a antecipação de receitas que os entes públicos só receberiam, parcialmente, a longo prazo, ou, em muitos casos, não receberiam recurso algum”, afirmou o relator, deputado Alex Manente (Cidadania-SP).

Já os críticos à proposta apontam risco de:

dilapidação do patrimônio público, caso os governantes vendam os créditos relativos à dívida com descontos elevados, seja por um cálculo eleitoral imediatista ou ainda em razão da emergência;

o favorecimento sem justa causa ao mercado de capitais especulativo,

operação de triangulação financeira, que permitiria aos devedores comprar por preço bem menor sua dívida e ainda obter algum lucro nessa operação;

Críticas

Parte dos parlamentares se posicionaram contrariamente ao projeto. O Partido Novo e o PSOL foram os únicos a orientaram contrariamente ao texto.

Uma das críticas recaiu sobre o deságio previsto no texto, segundo o qual, ao vender o direito sobre a dívida o ente abriria mão de parte do que teria a receber.

“Este dinheiro é público e o governo está abrindo mão. Deveria estar sendo usado para garantia dos direitos do cidadão”, afirmou o deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ).

A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RJ) destacou que não é plausível acreditar que bancos comprariam “dívidas podres” e correria o risco de não receber,

“Vocês acreditam que um banqueiro corria uma dívida podre? Vai chegar e dizer que quer pegar a dívida de R$ 200 milhões que uma empresa tal deve para o município de São Paulo para não receber? Claro que não”.
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