Donald Trump assumirá o comando da Casa Branca nesta segunda-feira (20). Com a posse do novo presidente dos Estados Unidos, países do mundo inteiro sentirão um impacto econômico grande devido à variação do preço do dólar.
Para o Brasil, esse momento é ainda mais delicado: enfrentamos, desde o final de 2024, um crescimento praticamente constante do valor da moeda estadunidense, gerando forte impacto econômico. O dólar chegou a valer R$ 6,30(19/12), e chegou a um recuo para R$ 5,99 (em 16/01, mas fechou em R$ 6,05 no dia).
Dólar abaixo de R$ 6? Papel do Brasil
Embora o governo Lula (PT) tenha feito esforços para baixar e controlar o preço do dólar, a probabilidade é que o valor cresça após a posse de Trump. Isso porque os trâmites para controle da moeda internacional ante a nacional são complexos e exigem diversos pontos de atenção.
Algo que influenciou grandemente o aumento do valor do dólar no Brasil foi a nova política fiscal apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O grande objetivo da proposta é diminuir o rombo das contas públicas, “enxugar” gastos do governo e engordar os cofres públicos com ajustes de impostos.
Para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, no entanto, essa proposta pode ter sido tardia (dois anos após a posse de Lula como presidente): “O governo, que frequentemente promete ajustes fiscais no início do mandato, parece não demonstrar preocupação prática com o equilíbrio das contas, apresentando déficits cada vez maiores.”
Ao apresentar a proposta, então, é como se o governo brasileiro passasse a mensagem que sua dívida pública não está tão controlada, e novas políticas sempre geram impacto no aporte de capital de empresas estrangeiras, fazendo o dólar aumentar por ter menos circulando por aqui.
Porém, o especialista ressalta o que houve depois da concretização dos termos da reforma: “Ainda assim, se o governo brasileiro adotar medidas concretas e não apenas promessas no campo fiscal, é possível que o real recupere parte desse terreno perdido. Essa é a parte positiva: devido à desvalorização mais acentuada, o real tem espaço para se valorizar, mesmo diante de um cenário externo desafiador.”
Motivos do possível aumento do dólar com eleição de Trump
A posse de Trump deverá, quase certamente, ter um impacto no valor do dólar, causando aumento no valor da moeda. Primeiramente, é normal que trocas de governos causem esse impacto, porque o mercado fica inseguro de como serão os primeiros passos de novos presidentes.
No caso dos Estados Unidos, a troca para Trump é ainda mais impactante porque o novo presidente falou, na corrida presidencial, sobre algumas das medidas que pretende tomar, além de apresentar um perfil econômico específico e ter um histórico de governança do mandato anterior.
Alguns fatores que devem influenciar no aumento do dólar são:
- Mudança de posse nos EUA;
- Política protecionista do país;
- Redução de impostos para norteamericanos;
- Foco na expansão doméstica;
- Políticas diferentes;
- Fuga de aportes para os EUA.
“Para que o dólar diminua substancialmente, será necessário observar como essas medidas serão implementadas pelo governo Trump e avaliar sua efetividade. Esse processo, no entanto, pode levar ao menos o primeiro semestre do ano para que o mercado se acomode,” explicou Eying.
Como medidas de Trump geram aumento do dólar
Política protecionista
Donald Trump deixou claro que tentará uma economia baseada em política protecionista nacional: ou seja, fazer mais e importar menos. Essa deve ser uma das maiores influências no preço do dólar, de acordo com Eyng.
Ao deixar de importar, os EUA deixam de comprar produtos de outros países, gerando crise nas vendas e barateando produtos. Como a base do mercado internacional é o dólar, produtos mais baratos geram desvalorização nas moedas estrangeiras.
Redução de impostos nos EUA
Como explicou Gustavo Ferraz, especialista em investimentos da WIT Invest, Trump quer incentivar o consumo nos EUA. Isso faz o crescimento econômico ter um “boom” a curto prazo, deixando o dólar mais valorizado. A medida, no entanto, pode ter impacto negativo no déficit fiscal a longo prazo.
Fuga de aportes
Com menos impostos nos EUA, inclusive, é esperado que empresas prefiram investir por lá para ter maior rentabilidade. Com isso, elas deixam de colocar dinheiro em outros países, gerando fuga de aportes e uma desvalorização da moeda local.
Políticas diferentes
Para o Brasil, há mais um fator para a alta do dólar: as políticas e ideais bem diferentes entre os dois presidentes. Ferraz explica: “A relação entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva será marcada por diferenças ideológicas significativas, especialmente em áreas como meio ambiente, comércio internacional e política externa. No entanto, ambos os líderes têm uma postura pragmática em suas agendas econômicas, o que pode resultar em uma cooperação pragmática em áreas específicas, como comércio, segurança regional e investimentos.”