Da Redação Avance News
Na presidência da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Silvia Massruhá concedeu entrevista exclusiva ao Canal Rural, destacando os esforços da instituição em avançar na pesquisa de novas tecnologias para melhorias na produtividade e sustentabilidade do agronegócio nacional.
Confira os destaques da participação de Silvia Massruhá no Canal Rural Entrevista:
- Repercussão por ser a primeira mulher presidindo a Embrapa:
É uma revolução que está acontecendo em todos os setores da economia. E no agro não poderia ser diferente, né? Hoje a mulher tem um papel em qualquer, em qualquer setor da economia. Como temos outras colegas de Embrapa, então a Embrapa tem praticado. Hoje, nós temos aí 25% de gestoras na Embrapa nas 43 unidades da Embrapa. Antigamente, tinham 10%, no máximo. Então, foi uma oportunidade de vir para a presidência nacional.
- Como aumentar o ritmo das pesquisas da Embrapa:
Se você analisar em todos os países, seja da América do Norte, Europa ou Ásia, vai ver que, para a gente avançar em ciência e tecnologia, precisa de investimento do setor público, do governo federal. Mas também tem uma importância muito grande a parceria público-privada, porque essa parceria também pode ajudar a atender às demandas de curto e médio prazo, e o governo investir nas demanda de pesquisa de médio e longo prazo.
- Apelo por uma agricultura mais sustentável:
A gente atua diretamente no Programa de Agricultura de Baixo Carbono, junto ao Ministério da Agricultura. A Embrapa tem portfólios de mudanças climáticas, trabalhando com as principais metodologias para mitigação e adaptação da agricultura à mudanças climáticas. E a gente tem trabalhado muito nos programas junto para descarbonização de várias cadeias produtivas. Hoje, a Embrapa tem parceria inclusive com empresas privadas. Pensando na questão de carne, carbono neutro da soja, de baixo carbono, leite de baixo carbono, inclusive na área de grãos.
- O que falta para a agricultura brasileira entrar na era da agricultura digital:
Fizemos uma pesquisa com pequenos e médios produtores e vimos que 85% responderam que utilizam uma tecnologia digital, de um universo de 750 produtores. Mas quando se analisa a diversidade da agricultura em todo o país, você vê que no Nordeste eles utilizaram o smartphone com um aplicativo de mensagem para conectar com a extensão rural. Para eles, isso já é o digital. Cerca de 67% deles responderam que há dificuldade para entrar nessa área digital. É a questão de capacidade de investimento, porque o grande produtor tem capacidade, enquanto o pequeno e médio têm esse gargalo. O segundo gargalo é a conectividade e a questão da capacitação. Eles têm dificuldade de até mesmo entender como a tecnologia digital pode agregar valor.
- Trabalhos desenvolvidos com o Projeto SemeAr:
A gente pensou muito em criar um projeto estruturante de agricultura digital a partir de uma pesquisa que fizemos com pequenos e médios produtores. Percebemos que eles precisavam de um processo de capacitação, de inclusão digital. Então, esse projeto visa criar dez distritos agro tecnológicos pelo Brasil todo. A gente trabalha em quatro pilares, primeiro levantando as dores, as necessidades, junto à Associação de Produtores e Cooperativas. Aí, a gente levanta as principais empresas que já tem software, tecnologia que possa ajudar aquele produtor rural, gargalos de conectividade e de capacitação. Nossa ideia é que depois a gente fomente aquele ecossistema. Quando acabar o projeto, daqui cinco anos a gente cria ali um ecossistema autossustentável, economicamente inclusivo. Você vai ter as empresas prestando serviços, provedores de internet e cooperativas para fornecer serviço aos produtores.
- A busca pela revolução sustentável:
Estamos chegando exatamente a isso. Esse é o nosso foco, né? É trabalhar com a vanguarda de áreas disciplinas transversais como a biotecnologia, engenharia genética, nanotecnologia, automação, agricultura de precisão digital. Trazer as evoluções dessas áreas para agregar mais valor nos sistemas de produção e nas cadeias produtivas, para a gente atingir essa sustentabilidade e manter o Brasil como protagonista na agricultura tropical e agricultura mundial.
- Palavras-chave da estratégia da gestão na presidência da Embrapa:
Primeiro, é a transparência. Sustentabilidade e digitalização são o foco aqui. Acho que são dois pilares que a gente vai seguir. Iremos pensar na transparência do processo de produção, no produtor rural. Trazer números, indicadores, medidas para que a gente mostre a nossa agricultura sustentável. E a questão da descentralização. Acho importante que a pesquisa, os ativos da Embrapa, estão nas unidades. Então, precisamos dar mais visibilidade às tecnologias que são geradas pela Embrapa. Os 43 centros de pesquisa da Embrapa são os principais atores da agropecuária nacional. Nós, aqui em Brasília, temos que facilitar que essas pesquisas de tecnologias cheguem para o produtor rural.
Saiba mais sobre Silvia Massruhá.
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