terça-feira, 26 novembro 2024
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Corpo de jovem morta por empresário que registrou falso desaparecimento foi enterrado com máquina hidráulica, diz polícia

Thauany Melo | g1 Goiás

O corpo de Dayara Talissa Fernandes da Cruz, de 21 anos, foi enterrado com o auxílio de uma máquina hidráulica, segundo o delegado responsável pelo caso, Kennet Carvalho. O empresário Paulo Antônio Herberto Bianchini foi indiciado por matar a mulher, ocultar o cadáver e se passar por ela em mensagens para a família. Um vídeo mostra o local em que a ossada dela foi encontrada, em uma fazenda em Orizona, na região sul de Goiás.

Paulo Bianchini está preso desde o dia 1º de julho. A defesa do homem afirmou que ele é réu primário, com bons antecedentes, residência fixa e que colaborou voluntariamente com as investigações. Disse também que os depoimentos indicam uma fatalidade, sem provas conclusivas de dolo – leia nota na íntegra ao final do texto.

As investigações apontaram que o investigado contou com a ajuda de um funcionário de 19 anos, que foi indiciado por ocultação de cadáver e fraude processual. Outra mulher, de 40 anos, também foi indiciada por fraude processual. Já Paulo Bianchini foi indiciado por homicídio qualificado pelo motivo fútil, dissimulação, feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual.

O g1 não conseguiu localizar a defesa do funcionário e da mulher para pedir um posicionamento até a última atualização desta reportagem.

ossada da jovem foi encontrada em julho, enterrada a 5 metros de profundidade. Segundo a Polícia Civil, como o estágio de decomposição estava avançado, não foi possível determinar a causa da morte. Para retirar a ossada do buraco, foi preciso usar uma retroescavadeira.

“A fazenda possui 112 alqueires e o corpo teria sido enterrado com máquina. Assim, realizamos buscas pelo local em que ele operou a máquina e localizamos o cadáver enterrado a aproximadamente 5 metros”, explicou o delegado.

Mensagens enviadas

Segundo o delegado Kennet Carvalho, após o crime, o empresário enviou mensagens aos familiares da vítima, fingindo ser ela.

Ao analisar as mensagens enviadas pelo celular de Dayara antes e depois do desaparecimento, a polícia explicou que, a partir do dia em que a jovem sumiu, o estilo de escrita das mensagens mudou repentinamente.

O delegado afirmou que uma das principais mudanças no estilo de escrita foi a forma que Dayara escrevia a palavra “não”. Isso, porque antes do desaparecimento, Dayara escrevia a palavra sem abreviação. Já nas mensagens enviadas pelo contato dela aos familiares após o desaparecimento, a palavra era usada somente de forma abreviada – jeito como o suspeito costumava escrever.

Ao explicar sobre o crime de fraude processual que o empresário teria cometido ao enviar mensagens se passando pela vítima, o delegado acrescentou que o investigado até enviou uma geolocalização usando o telefone da vítima.

Segundo o delegado, o funcionário também tirou fotos no rio de Itumbiara e as postou no status da vítima para criar uma falsa localização. A outra suspeita envolvida ficou com o telefone da vítima por cerca de dez dias e, posteriormente, descartou-o no córrego.

Entenda o crime

A vítima foi morta no dia 10 de março e teve o corpo enterrado em uma fazenda de Orizona. No mesmo mês, o suspeito registrou o desaparecimento da mulher.

O delegado afirmou que o crime foi motivado por violência de gênero e ocorreu após uma briga relacionada a R$ 86 mil. Segundo as informações, o suspeito alegou ter transferido esse valor para a conta de Dayara, que o utilizou para fins pessoais. Esse gasto teria levado ao término do relacionamento em outubro de 2023.

Apesar da separação, a vítima e o suspeito reataram em janeiro de 2024. O delegado explicou que, em conversa com outra pessoa, o suspeito teria falado da separação e afirmado que mandou matar a jovem por causa do dinheiro. No entanto, à polícia, ele não confirmou essa versão.

O suspeito e a vítima tiveram um relacionamento de aproximadamente um ano e meio. No entanto, de acordo com o delegado Kennet Carvalho, o investigado mantinha um casamento sem que Dayara soubesse. “Ela acreditava que era a esposa. Ela foi enganada”, afirmou o delegado.

A polícia explicou ainda que, no dia da morte de Dayara Talissa, o investigado saiu de carro com um funcionário. Durante o trajeto, Paulo alterou a rota e pediu ao jovem de 19 anos que olhasse para a carroceria do veículo, onde estava o corpo. Em seguida, o empresário disse para ele ajudá-lo na ocultação do cadáver e a encobrir o crime.

Nota da defesa de Paulo Antônio Herberto Bianchini:

“Em atenção à imprensa, em virtude de notícias veiculadas sobre o indiciamento do Sr. Paulo Antônio Eruelinton Bianchini em razão da morte da Sra. Dayara Talisssa Fernandes da Cruz, a defesa vem esclarecer que:

O Sr. Paulo Antônio é réu primário, tem bons antecedentes, residência fixa, não possuindo em seu passado nenhuma conduta que o desabone. Ademais, não se ocultou às medidas de investigação penal, pois compareceu espontaneamente perante a autoridade policial quando da decretação de sua prisão temporária e colaborou com as investigações, estando à disposição do Poder Judiciário para julgamento.

Por fim, os fatos que circunstanciam a morte da Sra. Dayara Talisssa ainda não foram esclarecidos por completo. Os depoimentos prestados até o momento demonstram uma fatalidade e não são conclusivos para comprovar um possível dolo do indiciado. Não existem imagens que mostrem o momento da morte, e qualquer especulação que transforme o acusado em condenado são levianas e passíveis de responsabilidade cível e criminal.

Confiantes no julgamento do Poder Judiciário, estes são os esclarecimentos que entendemos suficientes para o momento.”

Fonte: RDN

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