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quarta-feira, 7 maio 2025
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Déficit educacional pode frear mercado de criptomoedas no Brasil

Reprodução

Brasil está entre as dez nações que mais utilizam criptomoedas

O Brasil é, certamente, um dos países com maior potencial para adoção de criptomoedas. Em parte por causa do seu mercado financeiro dinâmico e pela população que é bastante aberta a inovações tecnológicas. No entanto, muitos especialistas alertam para um entrave importante: a escassez de iniciativas educacionais e de apoio governamental no país.

Segundo dados divulgados em setembro de 2023 pela Chainalysis, o Brasil está entre as dez nações que mais utilizam criptomoedas. Mas essa posição pode não se manter no longo prazo se não houver um esforço para informar e capacitar a população sobre esse mercado. A adoção cripto não diz respeito apenas a entender como criar uma carteira digital ou negociar ativos.

O conhecimento sobre segurança, regulação, tributação e, principalmente, sobre as implicações de se operar em um mercado descentralizado, é muito importante. De acordo com as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 30% dos brasileiros acima de 18 anos não têm acesso pleno a conceitos básicos de educação financeira.

Essa ausência de fundamentos impacta diretamente na compreensão dos ativos digitais, trazendo riscos de golpes e uso inadequado das criptomoedas. Ainda assim, muitos brasileiros têm buscado formas de investir em moedas digitais, pesquisando sobre as  melhores criptomoedas para se proteger de oscilações econômicas. Existem projetos promissores, porém, sem programas de educação estruturados, grande parte da população segue à margem desse mercado.

Falta de iniciativas e apoio governamental: O mercado cripto BR

Iniciativas governamentais poderiam colaborar no desenvolvimento de cursos gratuitos, palestras em universidades e parcerias com empresas do setor para difundir informações sobre blockchain e ativos digitais. Apesar de o Banco Central do Brasil já ter sinalizado abertura para tecnologias como a Real Digital (DREX), a popularização de criptomoedas não evolui na mesma velocidade, devido à carência de políticas públicas direcionadas ao tema.

Sem apoio institucional, o mercado passa a depender quase exclusivamente de iniciativas privadas. Membros da comunidade cripto brasileira reforçam que a falta de orientação e políticas claras atrasa a chegada de novos investidores instruídos, aptos a lidar com carteiras digitais e protocolos de segurança adequados.

Outro ponto de atenção é a dificuldade de muitos usuários em distinguir projetos legítimos de esquemas fraudulentos. Para ilustrar melhor, a Chainalysis publicou em seu relatório de 2023 que o Brasil subiu posições no ranking de adoção mundial de criptomoedas, mas ainda não alcança o patamar de nações onde a educação cripto foi incorporada aos programas de ensino ou apoiada pelos governos.

O levantamento aponta, por exemplo, que a adoção tende a ser impulsionada em países com marcos regulatórios claros e iniciativas para disseminar conhecimento sobre transações e custódia de ativos. Entre os mais impactados pela falta de informação financeira estão os cidadãos de baixa renda. Cerca de 50 milhões de brasileiros dependem de algum tipo de programa de assistência do governo, segundo dados do Ministério da Cidadania.

Esse grupo possui menor acesso a internet banda larga e enfrenta barreiras tanto tecnológicas quanto culturais para mergulhar em um mercado que exige familiaridade com aplicativos, carteiras digitais e autenticação em duas etapas. O acesso à educação, inclusive sobre finanças e criptomoedas, é um primeiro passo para que mais brasileiros entendam o potencial de participar de um sistema descentralizado.

Projetos independentes, como escolas e ONGs focadas em tecnologia, tentam preencher essa lacuna. Entretanto, sem apoio governamental ou de grandes instituições, essas iniciativas acabam limitadas a pequenos grupos de entusiastas. Para quem ultrapassa as barreiras iniciais, as criptomoedas podem representar uma válvula de escape contra a inflação e a instabilidade econômica, especialmente em momentos de incerteza nos mercados tradicionais.

No Brasil, que sempre enfrenta oscilações cambiais, a possibilidade de armazenar valor em ativos digitais, como Bitcoin ou stablecoins lastreadas em dólar, atrai a atenção de investidores de diferentes perfis. Quando se considera o avanço da tokenização de ativos físicos, isso é ainda mais importante, permitindo a negociação de frações de imóveis, obras de arte e até commodities agrícolas.

O formato fracionado democratiza o acesso a investimentos que antes eram restritos a grandes fundos ou investidores institucionais. Além disso, o  setor de finanças descentralizadas (DeFi) acrescenta ao oferecer produtos como empréstimos, staking e liquidez global. Apesar disso, o ambiente cripto segue associado a riscos de segurança e falta de regulamentação clara.

Casos como o colapso de grandes plataformas de exchange mostraram a vulnerabilidade de usuários que desconhecem práticas essenciais de proteção, por exemplo, o uso de carteiras frias. Sem uma base educacional mínima, é fácil cair em golpes que prometem retornos irreais e acabam manchando a reputação do mercado.

Iniciativas de compliance e adoção de políticas KYC (Know Your Customer) por parte das exchanges podem fortalecer a confiança no ecossistema. A perspectiva é que, com maior conscientização pública e um ambiente regulatório definido, o Brasil mantenha sua posição no mercado de criptomoedas. O país tem uma população jovem e empreendedora, capaz de liderar projetos de ponta em blockchain, fintech e soluções descentralizadas.

Mas, para colher esses frutos, a educação precisa ser amplamente difundida e acessível a todos, principalmente aos que hoje encontram barreiras por falta de recursos ou conhecimento financeiro básico. A participação de universidades, empresas de tecnologia e órgãos governamentais seria fundamental para acelerar esse processo, permitindo o surgimento de talentos locais preparados para impulsionar o mercado.



Fonte: iG

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