Da Redação Avance News
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Exatamente três anos após o início da invasão em larga escala da Rússia, a Ucrânia está em estágio avançado de negociações para conceder acesso aos Estados Unidos a suas vastas reservas minerais.
A informação foi divulgada por uma autoridade ucraniana, segundo a CBS News, que ressaltou que o acordo pode representar um passo essencial para garantir a segurança do país contra futuras ameaças russas. No entanto, o governo norte-americano tem tratado o acesso aos recursos como uma forma de compensar o apoio militar prestado nos últimos três anos.
“As negociações foram muito construtivas, com quase todos os detalhes-chave finalizados”, afirmou Olga Stefanishka, vice-presidente da Ucrânia para integração europeia e euro-atlântica, em uma postagem em redes sociais. “Estamos comprometidos em finalizar rapidamente para prosseguir com a assinatura. Esperamos que os líderes dos EUA e da Ucrânia possam endossá-lo em Washington o mais breve possível.”
Recursos minerais da Ucrânia
Embora seja conhecida como o “celeiro da Europa” por seu setor agrícola, a Ucrânia também é um dos países mais ricos em recursos minerais do continente. No entanto, grande parte dessas reservas segue inexplorada devido a dificuldades de acesso, infraestrutura defasada e falta de investimentos.
A situação foi agravada pela guerra com a Rússia, que começou em 2014 com a anexação da Crimeia. Atualmente, cerca de 20% do território ucraniano está sob controle russo, incluindo regiões ricas em minerais.
Estima-se que a Ucrânia detenha aproximadamente 5% das reservas globais de terras raras, enquanto os EUA possuem apenas 1 a 2%. Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, metade dessas reservas está em áreas ocupadas pela Rússia.
Minerais estratégicos
- A Ucrânia possui uma das maiores reservas de titânio da Europa, um metal essencial para a indústria aeroespacial e militar.
- As principais jazidas estão localizadas no noroeste e centro do país, áreas que permanecem sob controle de Kyiv.
- Outra riqueza estratégica é o lítio, fundamental para baterias de veículos elétricos e eletrônicos.
- Os depósitos de lítio estão espalhados pelas regiões central, leste e sudeste, sendo que parte significativa está sob controle russo.
- Além disso, o país detém cerca de 20% das reservas mundiais de grafite, um material essencial para a indústria e para a produção de lubrificantes industriais.
Pressão norte-americana e resistência ucraniana
O ex-presidente Donald Trump tem pressionado para que os recursos minerais ucranianos sejam utilizados como pagamento pelo apoio militar dos EUA. “Devemos ter um acordo sobre minerais críticos e terras raras como parte da segurança”, disse Trump em uma coletiva de imprensa na Casa Branca ao lado do presidente francês Emmanuel Macron. O líder francês destacou que o acordo também seria benéfico para a economia de ambos os países.
Apesar das negociações avançadas, o presidente Volodymyr Zelenskyy tem resistido a ceder grandes quantidades de recursos sem garantias de segurança. Recentemente, ele rejeitou um acordo que teria concedido acesso dos EUA a minerais avaliados em US$ 500 bilhões, cerca da metade do valor futuro estimado das reservas ucranianas. “Não assinarei um documento que dez gerações de ucranianos terão que pagar”, afirmou Zelenskyy.
O chefe de gabinete de Zelenskyy, Andrii Yermak, afirmou que a Ucrânia também está negociando com países europeus para investimentos em mineração, buscando integrar os recursos minerais no pacote de garantias de segurança do país.
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Divergências sobre o valor do apoio militar
Trump alega que os EUA forneceram US$ 350 bilhões em assistência militar para a Ucrânia desde o início da guerra. No entanto, a organização Ukraine Oversight, que monitora os gastos dos EUA, contesta esse número e aponta que o valor real é de aproximadamente US$ 183 bilhões, sendo que um terço desse montante foi gasto dentro dos EUA, na produção de armamentos e equipamentos.
As negociações entre Ucrânia e EUA seguem em andamento, e há a possibilidade de um encontro entre Trump e Zelenskyy na Casa Branca nas próximas semanas para finalizar o acordo sobre minerais.