O trabalho diário e as estratégias utilizadas pelos treinadores têm enorme importância, mas o futebol é muito mais que isso. É também um esporte físico, psicológico, surpreendente e, principalmente, de talento individual. Os jogadores executam os fundamentos técnicos e fazem as escolhas, muitas vezes, em um piscar de olhos. Detalhes técnicos e acasos mudam a história de um jogo, de um campeonato e até do futebol.
Por causa dessa multiplicidade de fatores e incertezas, não há mais lugar para lugares-comuns, como os de que Vítor Pereira ganhou o duelo contra Fernando Diniz. Alguém deve ter dito que o técnico do Flamengo deu um “nó tático” no do Fluminense.
Como se esperava, foi uma partida equilibrada. Se Arias, sozinho diante do goleiro, tivesse feito o gol nos primeiros 20 minutos, quando o Fluminense era superior, as análises pós-jogo provavelmente seriam diferentes.
Penso que o Flamengo, ao jogar com três zagueiros e dois alas que defendem e atacam pelos lados, poderia ter atuado com Everton Ribeiro no lugar de Cebolinha e Gabriel no de Matheus França. Não haveria problemas de posicionamento e o time ficaria mais forte.
Atuar com três zagueiros e dois alas não é, obrigatoriamente, a melhor nem a única alternativa para jogar com dois jogadores pelos lados que marcam e atacam. A maioria das equipes do mundo usa dois zagueiros, dois laterais e dois meias abertos em vez de dois alas.
A vitória do Atlético sobre o América foi decidida também nos detalhes. Enquanto o América tinha 11 jogadores havia equilíbrio. A finalização de Hulk, no gol da vitória por 3 x 2, foi precisa. Se fosse outro atacante, provavelmente chutaria forte, no peito do goleiro, e muitos diriam que foi uma espetacular defesa.
O Água Santa venceu o Palmeiras nos detalhes e porque foi superior. Mais uma vez, o Palmeiras atacava, perdia a bola e deixava grandes espaços na sua intermediária para o adversário trocar passes e envolver a defesa. Isso ocorre pelos excessivos avanços de Gabriel Menino, que joga mais como um meia-atacante do que como um meio-campista, e pelo posicionamento mais recuado dos zagueiros quando o time ataca.
Como o Palmeiras possui outras muitas virtudes, coletivas e individuais, vence quase todas as partidas contra adversários brasileiros e sul-americanos. Mas se corrigisse o erro seria ainda mais forte. Existe um endeusamento exagerado do time por causa da conquista de tantos títulos. Nas vitórias existem também deficiências.
A vitória do Água Santa sobre o Palmeiras, o empate do Caxias contra o Grêmio e as vitórias, cada vez mais frequentes, de times inferiores contra os superiores, no Brasil e no mundo, são demonstrações da importância do crescimento técnico e da evolução das estratégias dos times pequenos. Eles não se contentam mais em jogar na retranca e ganhar por 1 x 0. Querem também mostrar um bom futebol.
Há jogos demais, no Brasil e em todo mundo. Não dá para assistir a tudo. Recorro às opiniões de comentaristas de que gosto e com quem aprendo. Sinto falta do PVC, que via quase diariamente nas transmissões ao vivo das partidas e nos programas esportivos da televisão. Às vezes, sento no sofá para assistir a um jogo e só aí descubro que não tenho acesso ao canal ou não sei as emissoras ou dezenas de streamings onde a partida será mostrada. Estou perdido neste mundo tecnológico. Ainda bem que pessoas próximas e queridas me salvam.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.