Da Redação Avance News
Ao ver imagens de pesquisas científicas online, é raro duvidar do que está sendo apresentado – afinal, as imagens são densas e cheias de informação especializadas, difíceis de serem interpretadas. No entanto, nem tudo que está na internet é verdade – e a situação piora com o avanço das ferramentas de manipulação de imagens.
No início do ano, o Instituto do Câncer Dana-Farber recebeu uma reclamação de que dezenas de artigos publicados continham imagens manipuladas. Parecia algo improvável, mas poucos dias depois a instituição se retratou e revelou que estava corrigindo as publicações. A mesma coisa aconteceu com o Mass General Brigham e a Harvard Medical School, duas instituições de renome na área médica e de pesquisa: falsificações nas imagens ou cópias.
Leia mais:
Manipulação de imagens
Ao passo que a tecnologia avança, fica mais fácil de adulterar imagens, mas também de detectar essas manipulações. Antes, esse era um trabalho feito manualmente por humanos. Agora, um software atua como “detetive de dados” e ajuda a descobrir o que confiar ou não na internet.
Primeiro, vamos entender como o trabalho “manual” é feito. Como contou uma reportagem do The Wall Street Journal, especialistas analisam centenas de estudos à procura de inconsistências.
Uma das técnicas para ajudar a detectar falsificações é que, em pesquisas médicas, sobre análises de células ou com imagens microscópicas, nenhum conjunto de células ou microorganismos é igual. Se for, há algo de errado. Duplicações também são comuns e facilmente detectadas.
Com a experiência, esses “detetives de dados” começam a observar padrões nas manipulações, que ajudam em análises futuras.
No entanto, esse processo pode levar de poucos minutos, em casos mais explícitos, até algumas horas. Obviamente, a tecnologia ajuda nesse ponto: softwares já fazem o mesmo trabalho e levam de um a dois minutos.
Softwares detetives de dados
- Um exemplo de software desse tipo é o Imagetwin, de uma empresa em Viena (Áustria). Ele compara fotos de um artigo específico com um banco de dados de 51 milhões de imagens de 20 anos. Então, aponta semelhanças e impede a publicação de dados manipulados;
- A própria ferramenta de busca de imagens do Google também ajuda nisso. Recentemente, o programa descobriu que um artigo de 2022 do Nature Communications (um periódico renomado) tinha imagens idênticas a dezenas de outros estudos;
- O Proofig é outro exemplo de software que detecta manipulação de imagens. Adotado por universidade e periódicos renomados (assim como o Imagetwin), ele já triplicou a taxa de rejeição de artigos. Sem a tecnologia, a revisão por pares provavelmente não teria detectado as inconsistências;
- No caso do Imagetwin, uma assinatura custa US$ 27 por artigo revisado. O Proofig varia de US$ 35 e US$ 50 por manuscrito.
“Detetive” de manipulação de imagens também tem erros
Como toda tecnologia, os softwares “detetives” de manipulação de imagens também não são perfeitos.
De acordo com relatos ao jornal, o Imagetwin por vezes deixa passar imagens manipuladas por causa do contraste baixo. Em outros casos, ele detecta uma manipulação onde não há, como em pesquisas semelhantes, em que um resultado semelhante é esperado.
Agora, os dois programas também estão trabalhando para detectar imagens e textos feitos por inteligência artificial, algo que preocupa o mundo acadêmico.