O câncer de pulmão é o segundo tipo de câncer mais comum em todo o mundo, ficando atrás apenas do câncer de mama. No Brasil, ocupa a quarta posição na lista de incidência de câncer, vindo depois dos cânceres de mama, próstata e intestino.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o tabagismo está associado à morte de cerca de 162 mil pessoas por ano no Brasil. Estima-se que entre 2023 e 2025, aproximadamente 30 mil novos casos de câncer de pulmão relacionados ao consumo de tabaco serão registrados anualmente.
Nesta terça-feira, 29 de agosto, é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão.
O Portal IG entrevistou dois especialistas sobre o assunto. Na conversa, o oncologista Carlos Teixeira e o pneumologista Gustavo Prado, ambos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, abordaram a importância da conscientização e os riscos das novas formas de consumo.
Qual é a importância da conscientização e prevenção ao tabagismo?
É importante para destacar os riscos relacionados ao consumo do tabaco, independentemente da forma ou do produto consumido. Cigarro, cachimbo, charuto e cigarros eletrônicos, todos eles causam doenças e óbitos.
Portanto, conscientizar as pessoas sobre a importância e também reforçar as políticas de controle do tabagismo, estratégias recomendadas pela OMS para reduzir a iniciação de crianças, jovens e adolescentes ao consumo do tabaco, é muito válido.
Vale ressaltar que não existe forma segura de consumir tabaco ou seus derivados. A conscientização é ainda mais relevante para lembrar as pessoas de que o cigarro e o tabagismo como um todo são a maior causa evitável de mortes no mundo, levando ao óbito cerca de 8 milhões de pessoas a cada ano, incluindo 1,3 milhão por tabagismo passivo, ou seja, não fumantes expostos à fumaça do tabaco.- Gustavo Prado, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Como o tabagismo impacta a saúde da população em termos de doenças?
O tabagismo é responsável por cerca de 1/3 de todas as mortes por câncer, doenças respiratórias e doenças cardiovasculares.
Algumas doenças respiratórias, como a doença pulmonar obstrutiva crônica, e alguns tipos de câncer, como o câncer de pulmão, têm mais de 70% dos casos e óbitos atribuíveis ao tabagismo. – Gustavo Prado, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Quais são os tratamentos mais eficazes para ajudar quem é fumante a abandonar o hábito?
Atualmente, é possível tratar esses pacientes com terapia medicamentosa e apoio psicoterapêutico. No entanto, cada caso deve ser avaliado individualmente. Daí a importância de buscar ajuda profissional para determinar a melhor alternativa de tratamento. – Carlos Teixeira, oncologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Quais são os desafios adicionais que as novas formas de consumo do tabaco, como o cigarro eletrônico, trazem para o combate ao tabagismo?
O cigarro eletrônico pode ser uma porta de entrada para outras drogas, além de ser um hábito compartilhado com o cigarro tradicional. Ainda não se conhece todo o potencial destrutivo do cigarro eletrônico, mas é certo que ele contém diversos componentes potencialmente carcinogênicos.
Campanhas voltadas para o público jovem são essenciais para evitar retrocessos nos índices de tabagistas no Brasil. É urgente que tenhamos uma política mais restritiva para o uso desses componentes eletrônicos, que, apesar da proibição de comercialização, ainda são utilizados indiscriminadamente. – Carlos Teixeira, oncologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.