O dólar à vista caiu 0,34%, nesta segunda-feira (3), fechando a R$ 5,8159, o menor patamar desde 26 de novembro, quando a moeda ficou cotada a R$ 5,8096.
Apesar de ter fechado em baixa, o cenário apontado pelas recentes movimentações do mercado reforça a possibilidade de alta na cotação do dólar, impulsionada por fatores como a tensão tarifária e as expectativas inflacionárias.
Desde 17 de janeiro, a moeda não fecha um dia em alta – marcando a maior sequência negativa desde o período entre 24 de março e 13 de abril de 2005, quando houve 14 sessões consecutivas de quedas. Em 2025, a moeda norte-americana acumula uma baixa de 5,88%.
Além do mercado à vista, às 17h04 na B3, o dólar para março apresentou uma recuo de 0,57%, sendo negociado a 5,8425 reais.
Cotações do Dólar
Dólar Comercial
– Compra: R$ 5,815
– Venda: R$ 5,815
Dólar Turismo
– Compra: R$ 5,955
– Venda: R$ 6,135
Por que o dólar está em queda?
A movimentação do dólar foi impactada, entre outros fatores, pela recente declaração da presidente do México, Claudia Sheinbaum, que anunciou o adiamento por um mês da tarifa de 25% sobre produtos mexicanos. Esse acordo, alcançado após uma “boa conversa” com Donald Trump, inclui o envio imediato de 10.000 soldados da Guarda Nacional mexicana para reforçar a fronteira e combater o tráfico de drogas – com ênfase no combate ao fentanil.
No último sábado, Trump havia assinado uma ordem implementando tarifas de 25% sobre importações do México e Canadá, e de 10% sobre produtos chineses, medida que afeta mais de US$ 1,3 trilhão em bens, ou seja, mais de 40% das importações dos EUA. O presidente também sinalizou a possibilidade de novas tarifas para a União Europeia e deixou em aberto a chance de que o Brasil seja atingido por futuras medidas protecionistas. As tarifas estavam previstas para entrar em vigor em 4 de fevereiro, salvo acordo de última hora.
Aqui no Brasil, o Boletim Focus aponta uma ligeira elevação nas expectativas para a inflação: o IPCA deve fechar 2025 em 5,51% (contra 5,50% na pesquisa anterior), marcando a 16ª semana consecutiva de aumento na previsão, e 4,28% para 2026 (antes 4,22%). O Banco Central mantém como meta o IPCA em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Até onde vai a queda do dólar?
Para o economista Geraldo Almeida, a queda da moeda pode ajudar a aliviar a pressão da política brasileira, principalmente com relação à queda de alimentos e outros produtos. Ele destaca também que essas medidas precisam ser pensadas em longo prazo.
“Com relação a queda precisamos ficar atentos com o futuro do mercado que aponta para uma ligeira queda, mas não dá para prever, pois tem muita incerteza nos próximos dias”, explica Almeida.
Na mesma linha, Marcello Marin, contador, administrador e especialista em Recuperação Judicial, comenta que é muito difícil prever se o dólar continuará em queda, se irá estagnar ou se voltará a subir.
“O Trump assumiu há duas ou três semanas e começou a cumprir o que havia prometido, como a deportação em massa e a criação de barreiras comerciais. Ele já impôs restrições ao México, gerando uma grande tensão com o país, além de também estar criando atritos com o Canadá. Todo esse cenário tem causado um impacto negativo nos Estados Unidos, o que reflete na desvalorização do dólar internamente”, comenta.
Marin destaca, então, que a queda da moeda norte-americana está mais relacionada à desvalorização da economia dos Estados Unidos, do que políticas realizadas no cenário brasileiro.
“Trump tem adotado uma postura agressiva não apenas em relação ao México e ao Canadá, mas também à China, impondo tarifas de importação, e já ameaça tomar medidas semelhantes contra a Europa.
Enquanto Trump mantiver esse tipo de política (impondo tarifas de importação), é possível que o dólar continue em queda. Assim, as previsões que indicavam um dólar alto neste ano, chegando a R$ 6,20 ou R$ 6,30, não estão se concretizando devido às decisões políticas e econômicas tomadas pelo governo Trump nos Estados Unidos.