Da Redação Avance News
De acordo com uma nova pesquisa, o iminente El Niño, um fenômeno climático natural, pode custar trilhões de dólares à economia global, pois suas consequências se estendem ao longo dos anos. A pesquisa, publicada na revista Science, sugere que os eventos mais graves do El Niño resultaram em perdas econômicas globais de mais de US$ 4 trilhões nos anos seguintes. De forma alarmante, com a mudança climática possivelmente aumentando a frequência e a intensidade de eventos futuros do El Niño, os danos econômicos globais podem chegar a US$ 84 trilhões até o final do século 21, mesmo que as promessas atuais de diminuir as emissões de carbono sejam cumpridas. Sem surpresa, os países de baixa renda devem arcar com o peso desse impacto.
O El Niño, um padrão climático caracterizado pelo aquecimento das temperaturas oceânicas no centro e leste do Oceano Pacífico, ocorre aproximadamente a cada três a cinco anos. Isso leva a uma reação em cadeia de condições climáticas extremas em todo o mundo, às vezes durando um ano.
Em certas regiões, como o sul dos Estados Unidos, essas condições podem desencadear chuvas acima da média e deslizamentos de terra prejudiciais, enquanto regiões como a Indonésia e o sudeste da Ásia podem sofrer secas que levam a incêndios florestais catastróficos. Além disso, o potencial para inundações devastadoras, colheitas fracassadas, aumento de doenças tropicais e populações de peixes em queda livre podem afetar as economias locais e globais.
As previsões da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica preveem um forte evento El Niño no final de 2023. O último El Niño em 2016 correspondeu às temperaturas globais mais altas já registradas, incêndios florestais expressivos e derretimento do gelo polar sem precedentes. Os pesquisadores estimam que o iminente El Niño de 2023 poderia restringir a economia global em US$ 3 trilhões nos cinco anos subsequentes.
Os pesquisadores Callahan e Mankin descobriram que cerca de 56% dos países experimentaram reduções consideráveis no crescimento mesmo cinco anos após o evento El Niño. Por outro lado, eventos de La Niña, caracterizados pelo resfriamento das águas oceânicas na mesma região do Pacífico, ocasionalmente mostraram benefícios para a economia global.
Apesar disso, as perdas dos eventos do El Niño superaram amplamente quaisquer ganhos. Os dois maiores eventos do El Niño nos últimos 60 anos, ocorridos em 1982-83 e 1997-98, causaram perdas de US$ 4,1 trilhões e US$ 5,7 trilhões, respectivamente, em cinco anos. Sem surpresa, as nações mais próximas do fenômeno, muitas vezes em desenvolvimento ou de baixa renda, suportaram o peso das perdas. O estudo de Callahan e Mankin, portanto, ressalta a importância de mitigar as mudanças climáticas e investir em resiliência e iniciativas de adaptação para neutralizar esses custos.
Boletim elaborado pela equipe Agrotempo*