Os candidatos à presidência da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, atual presidente, e seu adversário, Kemal Kilicdaroglu, podem se enfrentar novamente no segundo turno. Até as 22h30 deste domingo (14) no Brasil (horário de Brasília) e 4h30 de segunda-feira (15) na capital Ancara, Erdogan liderava com 49,49% dos votos e Kilicdaroglu seguia com 44,79% após a contagem de 91,93% das cédulas, segundo o chefe do Conselho Eleitoral Supremo da Turquia, Ahmet Yener.
No começo da apuração, os primeiros resultados colocavam Erdogan confortavelmente à frente, mas conforme a contagem continuou, sua vantagem diminuiu. O próximo turno será em 28 de maio, caso nenhum alcance a maioria. Se acontecer, é a primeira vez de Erdogan em um segundo turno.
Esta votação deste domingo é uma das eleições mais importantes nos 100 anos de história do país, uma disputa que poderia acabar com o governo imperioso de 20 anos de Erdogan e repercutir muito além das fronteiras do país.
A votação ocorre menos de três meses depois que um terremoto matou mais de 50.000 pessoas e deslocou mais de 5,9 milhões no sul da Turquia e no norte da Síria.
Além disso, acontece em meio a uma grave crise econômica, o que analistas dizem ser uma erosão democrática sob o governo de Erdogan.
Pesquisa de opinião
Antes da eleição, havia dado a Kilicdaroglu, que lidera uma aliança de seis partidos, uma ligeira vantagem, com duas pesquisas na sexta-feira (11) o mostrando acima do limite de 50%.
Um alto funcionário da aliança de oposição, que não quis ser identificado, disse que “parece que não haverá vencedor no primeiro turno. Mas, nossos dados indicam que Kilicdaroglu vai liderar.”
Citando dados da agência estatal Anadolu, a mídia turca disse que, com quase 75% das urnas contadas, Erdogan estava com 50,83% e Kilicdaroglu com 43,36%.
A votação presidencial decidirá não apenas quem lidera a Turquia, um país membro da OTAN de 85 milhões, mas também como ela é governada, para onde sua economia está indo em meio a uma profunda crise de custo de vida e a forma de sua política externa.
As eleições, que também são para o parlamento, estão sendo observadas atentamente nas capitais ocidentais, no Oriente Médio, na OTAN e em Moscou.
Uma derrota para Erdogan, um dos aliados mais importantes do presidente Vladimir Putin, provavelmente irritará o Kremlin, mas confortará o governo Biden, assim como muitos líderes europeus e do Oriente Médio que tiveram relações problemáticas com Erdogan.
O líder mais antigo da Turquia transformou o membro da OTAN e o segundo maior país da Europa em um player global, modernizou-o por meio de megaprojetos como novas pontes, hospitais e aeroportos e construiu uma indústria militar procurada por estados estrangeiros.
Mas sua política econômica volátil de baixas taxas de juros, que desencadeou uma espiral de crise do custo de vida e inflação, o deixou vítima da raiva dos eleitores. A resposta lenta de seu governo a um terremoto devastador no sudeste da Turquia, que matou 50.000 pessoas, aumentou a consternação dos eleitores.
Kilicdaroglu prometeu colocar a Turquia em um novo rumo, revivendo a democracia após anos de repressão do Estado, retornando às políticas econômicas ortodoxas, capacitando instituições que perderam autonomia sob o controle rígido de Erdogan e reconstruindo laços frágeis com o Ocidente.
Milhares de presos políticos e ativistas, incluindo nomes de alto escalão como o líder curdo Selahattin Demirtas e o filantropo Osman Kavala, podem ser libertados se a oposição prevalecer.
Com informações da Reuters e CNN Internacional. Publicado por Diego Mendes e Carolina Farias.