Assim que o juiz soprou o apito e deu início ao amistoso entre Marrocos e Brasil, em Tânger, a torcida começou a gritar, empolgada, “olé, olé”. Em sua estreia no Canal GB, no YouTube, Galvão Bueno chegou a ter seus cinco segundos de indignação: “Que falta de respeito”, disse, antes de fazer sua primeira piada de tiozão da transmissão (“Taí o goleiro Bono, que não é o Bono Vox”).
Galvão talvez tenha demorado para entender que não era falta de respeito. Era um jogo de festa (para os locais). Assim como aconteceu com o Panamá contra a Argentina, o Brasil era apenas um convidado de luxo, chamado para abrilhantar (ou não atrapalhar) a noite, que era dos donos da casa.
Este escriba não está comparando o futebol apresentado pela seleção brasileira ao da trupe panamenha. O Panamá levou um time B para desafiar os campeões do mundo, em Buenos Aires. Provavelmente a equipe titular do Panamá perderia de 3 a 0 para o Palmeiras, ou de 7 a 5 para o Flamengo (se David Luiz fosse titular; chuva de gols e participações ofensivas garantidas).
Em algum momento, parecia que os zagueiros panamenhos ganhariam algum bônus se derrubassem um atacante argentino perto da área, para que Messi pudesse bater faltas até acertar. Como o danado do Messi estava num dia de pé calibrado, o que não é raro, foi divertido.
A Argentina não usou a data Fifa para se testar, para começar o novo ciclo ou para encontrar um sparring digno, mirando os próximos desafios. O que seleção e torcida queriam era comemorar, fazer festa. E o Panamá era a cerejinha gostosa, escolhida a dedo, do bolo de doce de leite.
Assim como o Panamá, a seleção brasileira foi convidada para um jogo de festa. Era a chance de a torcida marroquina ver seus heróis em campo, e em casa, pela primeira vez depois da Copa do Qatar. Quarto lugar do Mundial, Marrocos só não terminou a competição mais feliz do que a Argentina.
E, como o Panamá, o Brasil não levou seu time principal, o que os marroquinos agradecem. Mas este escriba tem dificuldade de dizer o que o Brasil realmente levou. Não foi exatamente um time B, não foi também o time sub-20, que vai disputar o Mundial da categoria —aliás, talvez fosse mais honesto se o professor Ramon usasse apenas o sub-20, seria um teste interessante.
Do lado marroquino, a festa foi completa. Nada mau vencer um time com o pedigree do Brasil (ainda temos pedigree) e mostrar que a campanha do Qatar não foi um acidente.
Do lado do Brasil, o jogo foi praticamente um desperdício de data Fifa. Não dá para dizer que o amistoso iniciou um ciclo; não iniciou nada. Curiosamente, a seleção teve um confronto com uma seleção forte, o que não conseguia agendar nunca nos tempos do finado (da seleção) Tite. Quando finalmente conseguiu, desperdiçou.
Duro vai ser sonhar com Carlo Ancelotti e acordar com Jorge Jesus ou Sampaoli (que é argentino, mas foi campeão com o Chile, então está liberado). Melhor continuar dormindo um pouco mais.
Inter precisa de punição exemplar
Depois do empate no tempo normal e posterior eliminação nos pênaltis para o Caxias, jogadores e torcedores do Internacional partiram para o ultimate fighting contra atletas do time rival.
Não adianta mais punir apenas o torcedor invasor (que não foi apenas o idiota com uma criança no colo) ou dar uma multa para os jogadores que participaram da agressão ou ainda anunciar uma suspensão para ser cumprida no Gauchão-2024.
A CBF, que parece cheia de boas intenções com a nova direção, precisa dar agora uma punição exemplar.
O estádio Beira-Rio tem de ser interditado. Jogadores devem pegar penas rigorosas. O que aconteceu em Porto Alegre não pode ocorrer com times da várzea, quanto mais com um time da elite do futebol.
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