Quando falamos em demência, estamos diante de um distúrbio neurocognitivo que diminui a função mental de um indivíduo, afetando a memória, o pensamento, o juízo e a capacidade de aprender, tudo isso de forma lenta e progressiva. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 55 milhões de pessoas convivem com essa doença em todo o mundo, e a previsão é de que em 2050 esse número chegue a 139 milhões.
Assim como no caso de algumas doenças mentais graves, a pessoa que convive com demência necessita de um cuidado especial que nem sempre familiares e amigos conseguem oferecer. “São indivíduos que não conseguem dar conta da própria vida, ao longo do tempo desaprendem a realizar atividades básicas do dia a dia, como lidar com dinheiro, andar
sozinha na rua
e cozinhar”, explica o Dr. Ariel Lipman, psiquiatra e diretor da SIG – Residência Terapêutica.
Além disso, a saúde mental é afetada, principalmente, quando aparecem os primeiros sintomas da demência. “Nessa fase, é comum uma alteração de comportamentos, ansiedade e, até mesmo depressão, sendo necessário
acompanhamento com um especialista
“, comenta o médico.
Consequências da demência
Além disso, como se trata de um transtorno que aumenta gradativa e lentamente, é um processo doloroso não só para o paciente em si, mas também para as pessoas que fazem parte da vida dessa pessoa.
“Esse paciente está, aos poucos, perdendo
sua autonomia
, ou seja, suas escolhas não são mais suas, ele não pode ficar sozinho, não pode preparar sua comida e, conforme o tempo vai passando, não pode mais ir ao banheiro sem esquecer o que ia fazer. É um comprometimento importante e muitas vezes precoce; por isso, é muito importante que o acompanhamento multidisciplinar faça parte do tratamento da doença em todas as duas fases”, complementa o psiquiatra.
Sendo assim, a saúde mental desempenha um
papel importante
no contexto da demência. “A doença, ao longo do tempo, altera a personalidade e o comportamento de uma pessoa, tornando-a mais irritada, mais impaciente, agitada e até agressiva”, explica o médico.
Saúde mental dos cuidadores
De acordo com o médico, é fundamental entender que as pessoas que convivem com pacientes com demência muito provavelmente sofrerão com
consequências emocionais
e precisam de um apoio. “Procurar um especialista é muito importante, pois será uma fase difícil e que pode desencadear depressão e ansiedade, ou seja, o ideal é tentar prevenir essas situações”, comenta ele.
“Cuidar de alguém com demência será cansativo fisicamente, emocionalmente e até socialmente. A sobrecarga emocional e o estresse contínuo podem afetar negativamente a saúde mental dos cuidadores, levando a sentimentos de ansiedade, depressão, culpa e exaustão”, completa.
Importância do acompanhamento médico
Resumidamente, a demência, independentemente do nível, está ligada à saúde mental tanto do paciente, quanto de pessoas próximas. “Por isso, é importante abordar o tema e incluir os cuidados junto com outros profissionais, principalmente o neurologista, lembrando sempre que estamos falando de uma doença crônica, ou seja, que não tem cura”, finaliza.
Por Beatriz Bradley Moreira