terça-feira, 26 novembro 2024
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Entrada do Centrão no governo dificultaria reconstrução da direita, diz cientista político

A entrada de partidos do Centrão no governo Lula, com a reforma ministerial prevista, pode dificultar a reconstrução da direita após a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), analisa Rafael Cortez, cientista político e professor do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP).

Para ele, com o Republicanos entrando na base aliada, o governo ganha não somente mais apoio no Congresso Nacional, mas também a possibilidade de inviabilizar uma eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à Presidência da República em 2026.

“Tirando a agenda de governo [a pauta econômica], outra questão importante é pensar a política com foco mais amplo. Com a entrada desses partidos de centro-direita na base aliada, o governo ganha é dificultar a vida de reconstrução da direita agora, nesse cenário de inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro”, afirma Cortez.

Atualmente, Tarcísio é visto como um dos principais possíveis herdeiros dos votos de Bolsonaro, se cacifando como um dos maiores expoentes da centro-direita.

Por isso, para o especialista, “o partido que mais traduz esse desafio é justamente o Republicanos, porque ele tem entre os seus quadros o governador de São Paulo, que é visto como uma possível alternativa, olhando para 2026”.

Assim, o cálculo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tem sido somente visando o aumento de votos no Congresso Nacional — já que entende que a entrada do Centrão no governo não vai fazer os partidos votarem totalmente com o governo — mas a política nacional a longo prazo.

“O que me parece que o presidente e os seus assessores políticos querem fazer é dividir essas legenda. Tem pouca expectativa que todo mundo vá votar de acordo com o governo, mas, ao gerar essas divisões internas, também há esse ganho à luz do governo, pensando na política mais ampla e não só na agenda de trabalhos legislativos”

“[Com o Republicanos na base aliada] Ficaria muito estranho, então, o partido propor uma candidatura alternativa [ao PT] sendo que ele faz parte da base aliada”.

*Produzido por Rafael Saldanha, da CNN

Fonte: CNN

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