O ciclo de afrouxamento monetário no país deve começar nesta quarta-feira (2), mas o Brasil não deve ter uma taxa básica de juros de um dígito antes de meados do ano que vem, segundo os economistas Nelson Marconi e Pedro Paulo Silveira, em entrevista à CNN.
O Comitê de Política Monetária (Copom) tem decidido pela manutenção da taxa básica de juros ao longo das últimas sete reuniões, desde agosto de 2022.
Mas é consenso entre mercado e governo que o Copom anuncie hoje um corte na taxa Selic. Na última decisão, o comunicado do Copom citou “paciência e serenidade” com a condução da política monetária por conta das pressões inflacionárias ainda persistentes.
“A depender do quanto o Banco Central cortar hoje não vamos chegar em uma taxa de um dígito em um período menor do que 10 meses, que seria um patamar razoável” avalia Nelson Marconi, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O economista Pedro Paulo Silveira concorda que, “se as coisas estiverem bem, é capaz de vermos o fim do ciclo de cortes, com a Selic em 9%, entre do meio para o fim do ano que vem.
Para hoje, a queda da Selic “não deve ser muito grande, por conta das sinalizações que o BC tem dado, e acredito que ele vai deixar a sinalização para o futuro em aberto, não deve haver nenhuma afirmação muito forte na direção de queda [da Selic]”, avalia Marconi.
O professor ainda ressalta que o início desse ciclo “já deveria ter acontecido há algum tempo“, e defende um corte maior nos juros, entre 0,75 e 1 ponto percentual.
“Deveríamos ter uma queda acentuada hoje, seguida de uma sinalização de mais quedas”, mas o especialista espera, na prática, um corte nos juros entre 0,25 e 0,5 ponto percentual.
Já o economista Pedro Paulo Silveira defende que a trajetória de queda da Selic “precisa ser bastante controlada”.
Silveira pontua que, apesar de o cenário da inflação estar positivo no momento, ainda temos questões importantes a serem abordadas, como uma inflação de serviços ainda elevada, em 5,2% ou 5,5%. “A gente ainda corre risco de ver a inflação subindo”, avalia.
Além disso, o economista ressalta que o BC consegue ter uma boa coordenação de expectativas no Brasil de hoje hoje, “ele vai tentar colocar a queda da Selic em uma trajetória segura”.
*Produzido por Renata Souza e Letícia Brito