Da Redação Avance News
Na manhã de 30 de junho de 1908, uma explosão gigantesca abalou a região do rio Podkamennaya Tunguska, na atual Krai de Krasnoyarsk, Rússia. A força do evento, estimada entre 10 e 20 megatons, devastou 2.150 km quadrados de floresta, sendo milhares de vezes mais poderosa que a bomba atômica lançada sobre Hiroshima em 1945.
Testemunhas a centenas de quilômetros de distância sentiram ondas de choque e ouviram explosões que lembravam o som de canhões. Relatos de moradores descrevem cenas assustadoras. “De repente, ficou muito claro, como se um segundo sol tivesse aparecido”, diz uma testemunha. “Meus olhos doíam, parecia um relâmpago. Em seguida, ouvi um trovão estrondoso. A manhã estava ensolarada, e então apareceu um segundo Sol!”.
Outros depoimentos descreveram um “tubo” azul no céu. A falta de uma cratera de impacto, mesmo após anos de investigação, intrigou cientistas. Diversas teorias foram propostas, desde a explosão de um asteroide na atmosfera até a passagem de um buraco negro primordial pela Terra.
Pequenos buracos negros da infância do Universo podem atravessar a Terra diariamente
Os buracos negros geralmente se formam quando estrelas massivas colapsam sob sua própria gravidade. No entanto, buracos negros primordiais são hipotéticos, sugeridos para ter se formado nos primeiros segundos do Universo, quando a matéria estava densamente compactada.
Segundo a NASA, esses buracos negros poderiam variar em massa desde 100 mil vezes menos que um clipe de papel até 100 mil vezes a massa do Sol.
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Esses buracos negros, se existirem, podem ainda estar vagando pelo Universo. Alguns cientistas especulam que pequenos buracos negros primordiais poderiam atravessar a Terra diariamente sem causar danos, enquanto buracos negros maiores poderiam passar a cada mil anos ou mais.
Em 1973, uma equipe de físicos sugeriu em um artigo publicado na revista Nature que o evento de Tunguska poderia ter sido causado por um buraco negro primordial atravessando o planeta. Eles argumentaram que um buraco negro com a massa de um grande asteroide poderia explicar a ausência de um impactor visível em Tunguska e a luz azul observada por testemunhas.
Segundo a equipe, a radiação da frente de choque estaria no ultravioleta, sendo reirradiada em comprimentos de onda mais longos, tornando o plasma visível em azul profundo.
Explicação mais aceita para o evento de Tunguska é a explosão de um asteroide
Os cientistas propuseram uma forma de testar a hipótese: procurar sinais de saída do buraco negro do outro lado do planeta. Eles sugeriram que o buraco negro teria entrado na Terra a um ângulo de 30° e saído pelo Atlântico Norte, entre 40º-50° N e 30-40° O. Se a hipótese fosse correta, haveria evidências de ondas de choque e distúrbios no oceano nessa região.
Embora a teoria do buraco negro seja fascinante, a ciência ainda não encontrou provas de que buracos negros primordiais existam, muito menos que um tenha causado o evento de Tunguska.
A explicação mais aceita para o evento de Tunguska atualmente é que um asteroide de aproximadamente 50 a 80 metros de diâmetro explodiu a cerca de 12 km acima do solo. Esse tipo de explosão, conhecido como evento de impacto aéreo, poderia causar a devastação observada sem deixar uma cratera de impacto.