Um estudo publicado na “American Journal of Men’s Health” revelou a presença de microplásticos
em amostras de tecidos humanos, incluindo testículos. As partículas foram identificadas em quatro de cinco amostras testadas. Essa descoberta levanta questões sobre as implicações para a saúde reprodutiva masculina.
De acordo com o médico João Guilherme Grassi, especialista em reprodução humana, houve uma queda significativa na contagem de espermatozoides ao longo das décadas, de 335,7 milhões em 1973 para 126,6 milhões em 2018. Esse declínio pode estar relacionado à exposição a poluentes, incluindo microplásticos, má alimentação e obesidade.
O que é microplástico?
Microplásticos são partículas plásticas com menos de 5 mm, originárias de produtos como embalagens e cosméticos. Esses pequenos fragmentos são onipresentes no meio ambiente, encontrados em oceanos, rios, solos e até mesmo no ar, por isso, seus efeitos na saúde humana ainda são objeto de estudo.
Risco à fertilidade masculina
A pesquisa destaca que os microplásticos podem afetar a qualidade do sêmen, com experimentos em animais mostrando redução na contagem de espermatozoides em resposta à ingestão dos fragmentos. Apesar disso, os estudos sobre humanos são limitados, e mais pesquisas são necessárias para estabelecer uma conexão direta.
O estudo “Toxicidade reprodutiva de microplásticos de poliestireno: estudo experimental in vivo sobre toxicidade testicular em camundongos”, publicado em 2021, contribui para a ideia de que a saúde reprodutiva pode ser afetada. Cientistas observaram que o número de espermatozoides em ratos que beberam água com microplásticos era menor comparado aos animais controlados.
Outra descoberta publicada em maio deste ano na revista “Toxicological Science” chama atenção para o tema ao localizar microplásticos em testículos humanos e de cachorros. Os resultados apontam um número quase três vezes maior de partículas no sistema reprodutivo humano comparado ao dos cães.
O estudo mostrou que, nos cachorros, a presença de microplásticos nos testículos pode ter relação com a redução da contagem de espermatozoides. Já os testículos humanos foram examinados de forma póstuma, ou seja, não foi possível indicar a relação.
“Precisamos de mais estudos que comprovem a relação dos microplásticos com a queda na fertilidade masculina, mas as descobertas atuais são um passo importante nessa direção”, ressalta o médico João Guilherme Grassi.
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