A agência de classificação de risco Fitch elevou nesta quarta-feira (26) a nota de crédito do Brasil
. A notícia foi comemorada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad
, que disse que a harmonia entre os Três Poderes é o motivo da conquista.
Mas, afinal, o que é a nota de crédito e o que significa, na prática, esse aumento da nota do Brasil?
O que é nota de crédito?
A nota de crédito, também chamada de rating
, é o nível de capacidade de uma instituição financeira ou país pagar suas dívidas. Essas notas são dadas por agências de classificação de risco, e as mais conhecidas e confiáveis são a própria Fitch, a Moody’s e a Standard & Poor’s (S&P).
A nota mais alta que um país pode atingir é a AAA que, segundo a Fitch, “denota a menor expectativa de risco de inadimplência”. A agência explica que o rating
AAA é atribuído “apenas em casos de capacidade excepcionalmente forte de pagamento de compromissos financeiros”.
Depois das notas AAA, vêm as AA, BBB e, depois, as BB, que é onde o Brasil se encontra. Nesta quarta-feira, o país subiu do grau BB- para o grau BB. Em junho, a S&P também tinha elevado a nota do Brasil de B+ para BB-. Confira as classificações:
Grau de investimento x grau especulativo
Apesar de ter subido um degrau na escala nesta quarta-feira, o Brasil ainda se encontra em grau especulativo. “As categorias de grau de investimento indicam risco de crédito relativamente baixo a moderado, enquanto as classificações nas categorias especulativas sinalizam um nível mais alto de risco de crédito”, explica a Fitch.
Na prática, quanto mais alto o nível que um país atinge, mais confiável é investir nele e, portanto, mais investimentos estrangeiros são atraídos. Agora, na escala da Fitch, o Brasil está a dois degraus de voltar a ter grau de investimento.
“Eu sempre disse, e continuo acreditando, que a harmonia entre os poderes é a saída para que nós voltemos a obter grau de investimento. Um país do tamanho do Brasil não tem sentido não ter grau de investimento. Nós temos um potencial de recursos naturais, de recursos humanos, reservas cambiais, tecnologias, parque industrial. Não tem cabimento esse país viver o que viveu nos últimos dez anos”, declarou Haddad nesta quarta-feira.
Mesmo sem atingir grau de investimento, o aumento da nota de crédito do país mostra que a economia está melhorando, com bons resultados macroeconômicos e melhorias fiscais. Isso pode fazer com que o dólar caia no curto prazo. No médio e longo prazo, se a nota do Brasil continuar aumentando, isso pode significar mais investimentos estrangeiros.
A primeira vez que o Brasil atingiu grau de investimento foi em 2008, durante o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A S&P foi a primeira agência a conceder a nota ao Brasil, seguida pela Fitch. O grau de investimento na classificação da Moody’s veio no ano seguinte, em 2009.
Em 2015, Fitch e S&P derrubaram a nota brasileira diante da crise econômica enfrentada pelo país, fazendo com que o país perdesse grau de investimento e voltasse ao grau de especulação – o mesmo foi feito pela Moody’s em 2016. Desde então, o país não recuperou a nota.