Da Redação Avance News
Muitas mulheres sonham em ter os cabelos grandes, volumosos e saudáveis. Pela internet, é possível encontrar diversas receitas “milagrosas” e rotinas de tratamento que prometem ajudar no “Projeto Rapunzel”, como muitas chamam, e entre essas soluções, estão os famosos suplementos vitamínicos alimentares.
Há pouco tempo, surgiram as primeiras gominhas de vitaminas, que prometem acelerar o processo de crescimento dos cabelos, deixá-los fortes e saudáveis, juntamente com outras promessas.
Contudo, a maioria dessas publicidades mascaram os verdadeiros motivos pelos quais as mulheres que divulgam essas gominhas possuem o cabelo dos sonhos: mega hair, tratamentos dermatológicos e produtos caros com rotina regrada no cabelereiro.
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Afinal: gominhas para cabelo realmente fazem efeito? É possível acelerar o crescimento do cabelo com suplementos alimentares? Confira abaixo a matéria com mais informações a respeito dessas dúvidas e outras questões que permeiam o assunto.
Gominha para cabelo funciona?
De antemão, é importante deixar um fato claro: não existe nada que possa mudar a velocidade do crescimento do cabelo ou o tamanho máximo do fio que ele pode chegar. Além disso, o consumo exagerado de qualquer substância pode trazer riscos à saúde, ainda que seja algo que tenha o objetivo de ajudá-la, como as vitaminas.
Também é necessário salientar que o termo “fazer o cabelo crescer mais rápido” não é o mesmo que “estimular o crescimento do fio”.
Os cabelos, assim como outras partes do nosso corpo, são beneficiados quando a pessoa segue uma vida saudável, com alimentação equilibrada, boa noite de sono e prática de exercício, por exemplo. Contudo, o que faz o cabelo crescer é uma determinação genética, que não pode ser alterada.
Crescimento do cabelo e genética
Fabiana Caraciolo, especialista em dermatologia e doenças dos cabelos e couro cabeludo, explica em seu blog como funciona o crescimento do cabelo. Eles são produzidos pelo folículo piloso, uma estrutura de atividade cíclica, ou seja, que muda de uma fase para outra. A primeira delas é a anágena, a fase do crescimento do cabelo.
Portanto, o primeiro fator que influencia o comprimento que o cabelo pode alcançar é a duração da fase anágena: quanto mais longa ela for, mais comprido será o cabelo. Nos folículos pilosos do couro cabeludo, essa fase varia de 2 a 9 anos, e a duração é determinada geneticamente. Ou seja, quem possui uma fase anágena de apenas 2 anos, não consegue alcançar um comprimento abaixo dos ombros.
Isso porque, quando chegam nessa região, os folículos passam para as fases seguintes, a de regressão e queda, e os fios caem. Quem conta com uma fase anágena com duração de 7 anos, vai produzir fios que podem alcançar comprimento abaixo da cintura.
A velocidade também é um fator determinado geneticamente. Os cabelos crescem em torno de 0,3 a 0,4 cm por dia, resultando em uma média mensal de 1 cm. Os asiáticos possuem uma taxa de crescimento mais longa, 1,3 cm/mês, por exemplo. Quanto maior a velocidade de crescimento, mais longos serão os cabelos.
Fatores que atrapalham o crescimento dos fios
Alguns fatores como distúrbios nutricionais, hormonais ou outras comorbidades são capazes de diminuir a velocidade de crescimento dos cabelos. Outras questões que podem atrapalhar esse processo:
- Uso excessivo de chapinhas e secadores, ou outras fontes de calor;
- Produtos químicos, como excesso de tinturas e tratamentos químicos;
- Estresse;
- Oleosidade excessiva;
- Condições do couro cabeludo;
- Má alimentação.
Vitaminas e suplementos ajudam?
De acordo com Fabiana, suplementos e produtos que prometem fazer o cabelo crescer mais rápido não conseguem fazer com que uma pessoa saudável, mas que sempre teve uma fase anágena curta, tenha cabelos mais longos do que alguma vez já teve. Sendo assim, mesmo indivíduos em perfeitas condições de saúde não conseguem aumentar o tempo de crescimento do cabelo.
Substâncias como biotina, cistina, queratina, entre outras, não são capazes de aumentar a duração da fase de crescimento dos cabelos, além de não conseguirem aumentar a velocidade de crescimento dos fios. Elas podem apenas ajudar na estrutura deles, aumentando a resistência à quebra. Isso também vale para shampoos ou outros produtos de uso no couro cabeludo.
Porém, é possível corrigir um problema que acabou por encurtar a fase de crescimento dos cabelos, como, por exemplo, uma carência nutricional, um distúrbio hormonal, entre outros. Nesses casos, o que acontece é que os cabelos voltam a ter sua duração de crescimento geneticamente determinada.
Muitas das vezes, para que o cabelo volte a ser saudável e cresça o tanto que a genética permitir, é preciso que ele pare de cair. A queda dos cabelos é causada por diversos fatores, e precisa ser investigada por profissionais e exames. A dermatologista também afirma que a biotina, a cistina e a queratina também não tratam a queda de cabelo.
É importante não utilizar produtos por conta própria, principalmente medicações. Isso porque alguns deles podem trazer malefícios em vez de benefícios, o que acaba retardando o diagnóstico de algum problema na região, como algum tipo de alopecia para qual o tratamento precoce é importante.
Consumir vitaminas em excesso pode fazer mal
A regra do equilíbrio na nossa vida vale para tudo, já que qualquer excesso pode nos fazer mal. No caso das vitaminas, elas podem causar danos à saúde quando consumidas de forma excessiva, principalmente sem orientação médica.
A suplementação de nutrientes se tornou um assunto muito falado durante e depois da pandemia de Covid-19, especialmente das vitaminas D e C. Porém, as autoridades de saúde sempre alertaram para os prejuízos que a injestão exagerada dessas substância pode trazer.
Helio Vannucchi, professor titular sênior da Divisão de Nutrologia do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, alerta para os riscos do consumo descontrolado, já que cada nutriente deve ser absorvido pelo organismo em quantidade específica. Quando um “limite superior” é ultrapassado, a continuidade de ingestão de mais doses pode provocar a hipervitaminose.
Veja abaixo como funciona os excessos de vitaminas:
- D – pode causar o aumento exagerado de íons de cálcio que, quando depositados nas artérias e em órgãos como o rim, causam “lesões permanentes”. Os sintomas da intoxicação são náuseas, vômitos e aumento da pressão arterial;
- C – pode causar diarreia e cálculos urinários;
- A – pode causar problemas neurológicos semelhantes à meningite e cefaleia intensa, oferecendo risco teratogênico para gestantes.
- E – pode levar a fenômenos hemorrágicos e aumento da mortalidade no longo prazo;
- K – está ligada à coagulação sanguínea, e pode causar anemia hemolítica, icterícia e aumento do risco de trombose.
De acordo com Bannucchi, as hipervitaminoses mais graves são causadas pelas vitaminas A, D, E e C. Para manter os níveis de vitaminas corretos no organismo, basta apostar em uma alimentação variada e saudável, com consumo de frutas, verduras, legumes, cereais, carnes, peixes, laticínios, nozes e sementes. E para controlar os níveis dos nutrientes, é preciso manter uma rotina de exames preventivos.
Fontes: Jornal USP e Fabiana Caraciolo Dermatologia.