Os casos registrados de gripe aviária
têm colocado o mundo em alerta em relação à doença. O vírus, de acordo com a infectologista do Hospital Sírio-Libanês Mirian Dal Ben, é motivo de preocupação, já que, caso ele consiga adquirir mutações e passar a infectar seres humanos com facilidade, “pode desencadear uma pandemia igual à da Covid”.
“Sabemos que essa transmissão de ave para ave é fácil de acontecer, mas de ave para ser humano e, eventualmente, de ser humano para ser humano, não é tão comum. Porém, se a gente tem um número de aves
muito grande e o vírus
tem muita replicação, a probabilidade vai aumentando”, explica a infectologista.
Hoje, o Brasil tem 13 casos confirmados de influenza
aviária em seis espécies de aves silvestres, mas nenhum constatado em humanos. Foram identificadas aves contaminadas em três estados:
- Espírito Santo (9): nos municípios de Marataízes, Cariacica, Vitória, Nova Venécia, Linhares, Itapemirim, Serra e Piúma;
- Rio de Janeiro (3):
São João da Barra, Cabo Frio e Ilha do Governador; - Rio Grande do Sul (1).
No continente americano, até o momento, só há registros de três pessoas infectadas, conforme dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS): sendo uma nos Estados Unidos
(em abril de 2022); uma no Equador
(em janeiro de 2023); e outra no Chile
(em março de 2023).
Os dois primeiros se recuperaram, mas não há dados sobre o caso do Chile.
Ministério da Saúde acompanha casos
Em nota, o Ministério da Saúde disse monitorar os casos da doença
em aves silvestres
no Brasil, registrados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e as notificações de contato de seres humanos com aves contaminadas,
além dos casos já em investigação.
No comunicado, a Saúde reforçou que, segundo o que foi observado no mundo, o vírus “não infecta humanos com facilidade e, quando isso ocorre, geralmente a transmissão de pessoa para pessoa não é sustentada.”
Na última semana, o Mapa declarou estado de emergência zoossanitária
em todo o país devido aos casos detectados em aves em território nacional. A medida foi tomada para evitar o alastramento da doença. Ainda conforme a pasta, a decisão possibilita a mobilização de verbas da União e a articulação com outros ministérios, organizações governamentais nas três instâncias e não governamentais.
Vai ter vacina contra a H5N1?
Ao
iG
, o Instituto Butantan
informou já ter iniciado o processo de desenvolvimento da vacina
contra a gripe aviária devido ao “potencial de causar uma nova pandemia”. No momento, os testes estão sendo realizados com cepas vacinais cedidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o primeiro lote piloto já está pronto para testes pré-clínicos.
O órgão afirmou que pretende usar a fábrica da Influenza para desenvolver o novo imunizante.
“O Butantan atua para preparar o país no enfrentamento de potenciais pandemias, como atuou no desenvolvimento e disponibilização de vacinas para Covid-19 nos últimos anos. A gripe aviária tem o potencial de causar nova pandemia, daí a mobilização da instituição, que se iniciou em janeiro deste ano”, disse o instituto.
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