quinta-feira, 28 novembro 2024
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Leite: alimentação das vacas preocupa após enchentes no RS

Da Redação Avance News

Quase três meses após a histórica enchente que atingiu o Rio Grande do Sul, os efeitos começam a aparecer com mais força na zona rural. Um dos setores mais afetados é o de produção de leite. Com perdas nas lavouras e da silagem que estava armazenada, produtores lutam para manter os animais.

Os mais de mil milímetros de chuva em maio ainda impactam a região. Pontes caídas e estradas bloqueadas dificultam o escoamento da produção de leite. Nessa propriedade em Travesseiro, no Vale do Taquari, as vacas fazem contraste com o Rio Forqueta, que ficou bem mais largo e levou parte da terra junto. Foram dezenove dias sem luz e dez descartando o leite. Oito vacas morreram. Cenas que não saem da cabeça dos produtores.

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Carlos Prediger, produtor de leite, relatou: “Isso veio muito rápido, muita madeira junto. Acabou com as terras, lodo, não sobrou pasto, não sobrou nada. Foram três dias, um pior que o outro. O terceiro dia acabou com tudo”.

Jean Prediger, também produtor de leite, afirmou: “Todas sofreram. Muitas doenças, perda de pasto e diminuição no leite. Tudo ajudou nessa ocasião”.

Agora, um dos principais desafios está na alimentação para as vacas. Em uma lavoura de Travesseiro, estavam plantadas 22 sacas de milho silagem, já prontas para o corte, que foram completamente levadas pela força da enchente. Para tentar se manter na atividade, produtores precisam comprar esse alimento até de outros estados e muitos estão optando por se desfazer dos animais para diluir os custos de produção.

A produção de leite caiu de 1600 litros por dia para uma média de 1200 litros. O que chega de doação de alimento dura pouco para as 70 vacas, e o quilo de silagem está saindo por R$ 0,40, mais o frete, uma média de 5,5 mil reais a tonelada. Além disso, a força da água levou todas as árvores que serviam de sombra para os animais. Em um solo que perdeu todos os nutrientes, a única saída é investir tudo de novo.

Carlos Prediger explicou: “Tem muitas áreas que nós não vamos conseguir plantar. Puro lodo e tudo o que a gente semeia morre e nem chega a nascer. Não vinga. Essa areia parece que é tóxica para as plantas. Não adianta plantar”.

A situação é parecida em uma propriedade em Relvado, também no Vale do Taquari. São 32 vacas em lactação e 80 mil quilos de silagem perdidos. Alecír de Souza Leite e sua esposa Solange ficaram 30 dias isolados e perderam 10 mil litros de leite.

Alecír de Souza Leite compartilhou: “Tenho 61 anos e nunca passei por isso aqui. Foi triste. Primeira semana para nós foi muito difícil. Não sabia onde a gente estava, o destino que nós ‘tava’. Tu não sabia se iria ordenhar as vacas 2 horas da tarde, 3 horas ou às 5 horas? Para nós foi muito chocante isso aí”.

Aqui, a produção caiu de 27 litros por vaca para 18 litros. Mesmo com a reação no preço pago ao produtor, que está na casa de R$ 2,70, isso ainda não é suficiente para manter os animais, comprar alimento e recuperar o potencial de produção, também afetado por doenças.

Solange de Souza Leite comentou: “Eles tinham que ir na chuva para levar alimento para as vacas, comida bastante estragada e as vacas não comiam direito. Aí diminuiu bastante o leite. A gente conversava né? Vamos fazer o que? Tem que enfrentar. As vacas estavam aí. Tu tinha que ir atrás então vamos enfrentar”.

Os produtores lembram que o estado recebeu muitas doações durante as enchentes, mas é preciso que elas não parem até vir a solução completa.

Alecír de Souza Leite ressaltou: “Pretendo começar a cortar um azevém para tentar normalizar, mas espero que as fábricas de ração também voltem a funcionar melhor porque semana passada fiquei dez dias sem ração, que estão dizendo que não tem estrada e aí fica difícil”.

Carlos Prediger concluiu: “Vamos tentar achar uma saída, tentar comprar trato, vender uns animais e tentar dar a volta. Tem que construir porque não sobrou sombra na beira do rio. Estamos tentando e vamos ver”.



Fonte: Canal Rural

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