Em documento divulgado nesta terça-feira (21), a Libra (Liga do Futebol Brasileiro) reafirmou seus critérios para divisão de receitas na nova liga de clubes, ainda a ser oficializada. A proposta entraria em vigor a partir de 2025.
A Libra reúne 18 times das Séries A e B do atual Campeonato Brasileiro, entre eles os de maior torcida no país, como Flamengo e Corinthians.
A oferta contém uma cláusula de estabilidade que impede a perda de arrecadação dessas duas equipes, as capazes de, em teoria, obter maior audiência em seus jogos transmitidos. Isso garante que, no período considerado de transição (os primeiros cinco anos de formação da liga), ambas as agremiações terão sua arrecadação mantida com relação aos direitos de transmissão em 2022.
O contrato de transmissão em vigência, assinado com o Grupo Globo, termina em 2024.
Essa era uma cláusula já esperada pela LFF (Liga Forte Futebol), que reúne 26 equipes das três principais divisões brasileiras e que relutam em aderir ao modelo apresentado pela Libra. Dirigentes disseram à Folha que este a cláusula de estabilidade é um dos itens apresentados que ajudam a preservar o status quo atual, em que alguns clubes arrecadam muito mais que os outros.
Presidentes da Libra rebatem que trata-se de um modelo justo e que, com o tempo, vai atender ao principal desejo da LFF: o time que mais arrecada terá direito a no máximo 3,5 vezes mais em relação ao que menos recebe.
A avaliação da Forte Futebol é que, apenas com o pay-per-view, em 2024, Flamengo e Corinthians devem arrecadar mais de R$ 200 milhões, um valor que deverá ser mais de R$ 100 milhões superior ao de Palmeiras e São Paulo, por exemplo.
O plano da Libra foi feito pelo BTG Pactual e pela Codajas Sports Kapital, responsáveis pela assessoria e que conseguiram a oferta de R$ 4,8 bilhões do Mubadala Capital, ligado ao fundo soberano controlado pela família real dos Emirados Árabes. A LFF afirma ter oferta da norte-americana Serengetti Asset Management por R$ 4,85 bilhões.
Na briga por narrativas, a LFF afirma que a Mubadala aceita pagar apenas se tiver sob contrato as 40 equipes das duas principais divisões, o que não acontece atualmente. A Libra diz que o documento apresentado pela Serengetti para a LFF tem uma série de cláusulas não vinculantes, em que o fundo de investimento não estaria obrigado a pagar. As duas partes negam as informações.
Se a Forte Futebol não tiver os 40 times, o dinheiro a ser dividido cairia para R$ 2,3 bilhões.
Em conversas entre dirigentes dos dois grupos, a explicação para preservar os valores de Flamengo e Corinthians, por parte da Libra, foi ser a única maneira de fazer andar a proposta e aproximá-la do que deseja a LFF. As duas equipes, especialmente a carioca, não aceitavam perda de arrecadação.
Pelo estatuto da Libra, qualquer mudança precisa ser aprovada por unanimidade. Isso dá a qualquer time a possibilidade de vetar qualquer proposta apresentada.
Pelo texto divulgado pela entidade, a preservação dos valores, chamado de “cláusula de estabilidade” tem como objetivo resguardar os clubes que “fazem maior concessão na formação da liga.”
No rateio de receitas, a Libra propõe 40% do dinheiro dividido de maneira igualitária, 30% por performance (a classificação no Campeonato Brasileiro pela média dos três anos anteriores) e 30% pela audiência no período de transição. Depois disso, a divisão seria 45-30-25. Este é a porcentagem pedida pela LFF. O Futebol Forte quer que o rateio por performance leve em conta apenas o campeonato disputado naquele momento.
Na divisão entre as diferentes divisões, a Libra quer dar 85% do arrecadado para os times da Série B e 15% para os da B. Na LFF propõe 80% para a elite, 18% para a segunda e 2% para a terceira.
VEJA OS 18 CLUBES QUE FAZEM PARTE DA LIBRA:
Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.
VEJA OS 26 CLUBES QUE FAZEM PARTE DA LFF:
ABC (RN), Athletico, Atlético Mineiro, América-MG, Atlético Goianiense, Avaí (SC), Brusque (SC), Chapecoense (SC), Coritiba (PR), Ceará, Criciúma (SC), CRB (AL), CSA (AL), Cuiabá (MT), Figueirense (SC), Fluminense (RJ), Fortaleza (CE), Goiás (GO), Internacional (RS), Juventude (RS), Londrina (PR), Náutico (PE), Operário (PR), Sport (PE), Vila Nova (GO) e Tombense.