O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para a descriminalização da maconha
e fixou em até 40 gramas ou seis plantas fêmeas
a quantidade que distinguirá o usuário de um traficante de drogas. Com a decisão, algumas dúvidas sobre o consumo da substância voltaram à tona. Abaixo, veja mitos e verdades.
Maconha vicia?
Sim. Segundo os especialistas, todas as substâncias que envolvem o “mecanismo de recompensa” são viciantes – no caso, a maconha tem uma ação euforizante.
Apesar disso, entre as drogas, ela é a menos viciante, ficando bem atrás do álcool e da cocaína, por exemplo.
Além disso, ao contrário do senso comum, a maconha não vicia do “dia para a noite”, como ocorre com os usuários de outros entorpecentes, como o crack.
Maconha é porta de entrada para outras drogas?
Não. Até o momento, não há qualquer estudo que comprove a tese de que a “maconha é a porta de entrada para outras drogas”. Ainda assim, há uma questão social que explica o vício em diversos entorpecentes.
“A porta de entrada para drogas é a biqueira [ponto de venda de drogas]. É o tráfico quem faz a gestão de que droga a pessoa experimenta”, diz o médico Luís Fernando Tófoli, professor do Departamento de Psiquiatria da Unicamp e pesquisador sobre políticas de drogas, em entrevista ao g1.
“Desenvolver o vício não diz respeito apenas ao impacto que a droga tem no organismo, mas com as condições da pessoa. Precisamos desfocar da substância e olhar para a pessoa. Ela está em vulnerabilidade social? Tudo isso importa”, acrescenta.
A maconha queima os neurônios?
Não. Segundo os especialistas, este é mais um mito sobre a droga. Entretanto, o uso frequente da maconha, sobretudo na adolescência, pode afetar a memória, a concentração e outras funções cerebrais.
Maconha pode causar transtornos mentais?
Sim. De acordo com o psiquiatra a professor da USP Jaime Hallak, o uso da substância pode causar transtornos mentais.
“Além das psicoses, sabemos hoje que a maconha pode provocar quadros de ansiedade, como o transtorno de pânico; prejuízo na memória e na coordenação motora e julgamento alterado”, disse, ao Jornal da USP.
É claro que esses problemas causados pela maconha dependem da frequência, intensidade e idade de início do uso da mesma, além de fatores genéticos e ambientais.
O cigarro é mais prejudicial?
Sim. A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que o cigarro tem potencial de vício e morte maior que a maconha – o tabaco mata cerca de 8 milhões por ano, segundo o órgão. Alguns especialistas, inclusive, tratam a maconha como redução de danos para o cigarro.