A taxa de desemprego permaneceu em 4,2%, alinhada com as previsões
Os Estados Unidos registraram criação de 177 mil empregos em abril de 2025, conforme dados divulgados pelo Bureau of Labor Statistics (BLS) nesta sexta-feira (2) e liga o sinal de alerta para o mercado global, inclusive no Brasil.
O número superou as expectativas do mercado, que projetavam entre 133 mil e 140 mil novas vagas no setor não agrícola.
A taxa de desemprego permaneceu em 4,2%, alinhada com as previsões. Ao mesmo tempo, os dados de fevereiro e março foram revisados para baixo, com redução de 58 mil postos de trabalho no total.
A divulgação do relatório de emprego ocorre em meio a um cenário de retração econômica. Segundo o Bureau of Economic Analysis (BEA), o PIB (Produto Interno Bruto) real dos Estados Unidos encolheu 0,3% no primeiro trimestre de 2025, na comparação anualizada.
A retração foi atribuída ao aumento de 41,3% nas importações de bens e à diminuição dos gastos do governo federal, especialmente nas despesas com defesa.
A combinação de desaceleração do PIB e fortalecimento do mercado de trabalho tem gerado impactos em diversas economias.
A Organização para a OCDE (Cooperação e Desenvolvimento Econômico) revisou, no final de abril, sua projeção de crescimento global de 3,3% para 3,1% em 2025, mencionando a política monetária restritiva, as tarifas comerciais e a desaceleração dos EUA como fatores de risco.
Brasil
No Brasil, a reação foi imediata no câmbio. O dólar caiu nesta sexta, cotado a R$ 5,65. A desvalorização da moeda americana pode não ocorrer por muito tempo, caso ocorra a manutenção dos juros nos Estados Unidos e a percepção de que os ativos americanos continuam atraentes para investidores estrangeiros, o que reduz o fluxo de capital para países emergentes.
A cotação do dólar já havia subido 30% em 2024, encerrando o ano a R$ 6,18. Entre os fatores de pressão estavam incertezas comerciais e instabilidade global.
No início de maio, a cotação recuou com sinalizações de trégua comercial entre EUA e China, mas analistas apontam que a volatilidade deve permanecer.
“Se o mercado interno dos EUA aquecer, a taxa de juros deve seguir alta, o que levará muitos investidores a saírem do mercado emergente, que é o caso do Brasil”, explicou o economista Leonardo Ramos.
O impacto da conjuntura americana também alcança o setor exportador brasileiro. Em 2023, os Estados Unidos foram o segundo principal destino das exportações do Brasil, com US$ 40,3 bilhões, especialmente em produtos industrializados.
A redução da atividade econômica nos EUA pode afetar esse fluxo, com consequências para setores como agricultura e mineração.
Carteira de trabalho
No mercado interno, a economia brasileira cresceu 3,4% em 2024, e a taxa de desemprego ficou em 7% no primeiro trimestre de 2025, o menor patamar em 13 anos.
No entanto, a OCDE revisou a previsão de crescimento do PIB brasileiro para 2,1% neste ano, ante estimativa anterior de 2,3%. Entre os fatores de revisão estão a desaceleração do comércio global e o aumento da aversão ao risco em relação a países emergentes.
“Tudo que ocorre nos EUA reflete no mundo todo. Nós só vamos saber o efeito prático do tarifaço do Trump no fim do primeiro semestre”, acrescentou Leonardo.