“Saio deste encontro impressionado com a iniciativa e liderança do prefeito. Vamos sim aprofundar entendimentos e relações nas áreas cultural, de esporte e agora, comercial. Vamos iniciar um trabalho para trazer empresas japonesas para se instalarem, investirem e buscarem parcerias no segmento da tecnologia. Fiquei muito animado após esse encontro com o prefeito Kalil”, afirmou o embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi, durante encontro com o prefeito de Várzea Grande, Kalil Baracat, na tarde desta quinta-feira (1º), na sede da secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Turismo. Essa é a primeira visita oficial de uma comitiva do governo japonês a Mato Grosso.
Ainda conforme o embaixador ficou evidente o interesse do Município em atrair empresas, em razão, sobretudo, do novo Parque Tecnológico que está para ser entregue a Várzea Grande, uma obra executada pelo governo de Mato Grosso. “Estamos em uma visita diplomática com um único objetivo: ampliar e estreitar as relações do Japão com o Brasil e o estado de Mato Grosso é estratégico. Me surpreende saber que Várzea Grande pode ser um polo de parceria e novos negócios nessa área”, completou.
O prefeito também avaliou o encontro como extremamente positivo, pois as tratativas foram direcionadas para a construção de parcerias nunca feitas entre o Município com outros países, visando a implementação de políticas públicas para criação de conexões entre Mato Grosso e Várzea Grande com o Japão. “Temos um forte laço cultural, pois a cidade é sede da associação nipo-brasileira, mas hoje demos um passo inédito para alicerçarmos o desenvolvimento econômico da cidade que projeta Várzea Grande para os próximos 20 anos. Esse planejamento depende da adoção de novas tecnologias, de inteligência artificial, de biotecnologia e nós teremos esse espaço próprio que é um novo polo industrial e o Parque Tecnológico. E essa missão deixou as portas abertas às parcerias, algo inédito para Várzea Grande, em se tratando de relações internacionais”.
Ainda como pontuou Kalil, o encontro surpreendeu porque Várzea Grande não tem vocação agrícola, não produz as principais commodities consumidas pelos japoneses como milho, soja e carne. “E mesmo assim, a comitiva manteve e demonstrou interesse em fazer parcerias e negócios com o Município. Nós apresentamos o protótipo do Parque Tecnológico e sem dúvidas, esse passa a ser o grande diferencial da cidade, o maior atrativo e um porto para ancoragem de empresas de tecnologia, em Mato Grosso”. Kalil citou que a segunda maior revendedora da Toyota no Brasil de máquinas pesadas acabou de se instalar em Várzea Grande e teve a oportunidade de conhecer toda a estrutura. “Não temos vocação para a produção agropecuária de grande escala, mas temos uma posição logística estratégica de acesso ao norte e sul de Mato Grosso, bem como ao Norte e Sul do Brasil. As principais BRs cortam Várzea Grande e sabemos que o agro tem de ter acesso para o escoamento da produção”.
O cônsul-geral do Japão, Ryosuke Kuwana, destacou a atuação da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), que pode ser a porta de entrada de investimentos e parcerias do Japão em Várzea Grande. “Existe uma gama de possibilidades, desde a utilização da inteligência artificial, que pode ser usada inclusive na produção agrícola {produção de defensivos agrícolas}, bem como bolsas de estudos ofertadas pelo governo japonês para educação quanto para o esporte e em prol da difusão da cultura japonesa no Brasil e no Estado”.
A missão é bastante importante para o estreitamento das relações comerciais, já que o embaixador é o representante legal do governo japonês no Brasil e o cônsul é quem executa os trabalhos nos estados brasileiros, a pedido do governo do país asiático, reforçou o prefeito.
Embaixador ditou que em São Paulo, onde fica a sede do consulado japonês no Brasil, existe uma câmara que congrega 400 empresas japonesas e que ele pode ser um interlocutor para despertar o interesse dessas organizações para Várzea Grande. De pronto, Kalil afirmou que havendo o interesse delas em aportar na cidade, por exemplo, implantando filiais, que pode pedir estudo à equipe econômica para ofertar alternativas para isenção de impostos, ou outros benefícios que se fizerem necessários e puderem ser ofertados pelo poder Executivo Municipal.
O secretário Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Turismo, Charles Caetano Rosa, frisou que é determinação do prefeito que a Pasta esteja sempre atuando junto a outros municípios, estados e até países para trazermos conhecimento para Várzea Grande. “Temos tratativas com o Peru, com a China e agora estamos recebendo o embaixador do Japão e o cônsul japonês, radicado em São Paulo, para ampliar entendimentos. E hoje estamos dando o primeiro passo para atração de investimentos, recepção de novas empresas e transferência de tecnologia e conhecimento. Porque essas ações projetam a cidade para os próximos 20 anos, pelo menos, e resultam em oportunidades, empregos e renda para o momento presente”.
Além da aptidão tecnológica de Várzea Grande, Charles destaca que o potencial turístico de Várzea Grande também é um segmento a ser explorado. “Fazer desses intercâmbios uma oportunidade de mostrar nossos atrativos, especialmente o gastronômico e o cultural, segmentos muito valorizados pelos japoneses”.
Ainda como diferenciais de Várzea Grande, Kalil destacou a articulação política de sua gestão e o bom relacionamento com os Poderes. “Não tenho dúvidas de que Várzea Grande pode se tornar um polo educacional e científico. Temos todo apoio do governo do Estado, o governador Mauro Mendes é nosso parceiro, tem investido em infraestrutura para desenvolvimento da cidade com projetos co-financiados como estação de tratamento de água, pavimentação, serviços, fora a construção do Parque Tecnológico e de outros investimentos como a construção da primeira ferrovia estadual”.
DIFUSÃO NIPO-BRASILEIRA – Em relação ao esporte, Várzea Grande já detém laços e relações com a cultura nipônica. Como explica o secretário de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Sílvio Fidelis, houve um hiato provocado pela pandemia da covid-19, mas que será superado. “É uma vontade mútua, bem expressada pelo embaixador e pelo cônsul, de retomarmos a parceria especialmente no beisebol e judô. Eles têm profissionais e abriram a possibilidade de intercâmbios aos estudantes e aos profissionais da educação municipal e ainda, a oferta de bolsas acadêmicas de estudos.
Várzea Grande é sede de uma associação nipo-brasileira. “É uma relação bastante antiga. Há 50 anos os primeiros imigrantes aportaram em Mato Grosso e se radicaram em Cuiabá e Várzea Grande. Hoje são cerca de 50 mil em todo Estado e somente em Várzea Grande estimamos 500 famílias”, explicou o presidente da Associação Nipo Cuiabá e Várzea Grande, Jaime Matsunaga.
Matsunaga lembrou que a comunidade japonesa radicada no Estado está na segunda e terceira gerações dos primeiro imigrantes e que hoje, “todos trabalham, têm suas profissões e contribuem para o desenvolvimento do Estado”. No esporte, existe um forte intercâmbio entre atletas do beisebol e técnicos. A modalidade é forte no Estado, calendário ativo com partidas mensais e com competições que atraem grande público a cada jogo.