O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que não guarda rancor por não participar da edição deste ano do Agrishow, a maior feira de agronegócio da América Latina.
Em entrevista à CNN, o ministro disse que foi “desconvidado” a participar da abertura do evento, na próxima segunda-feira (1), que deve ter a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A organização do evento consultou o ministro se ele poderia participar do evento na terça-feira (2). O objetivo era tentar evitar um mal-estar com a presença do adversário político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Fávaro, que já tinha preparado discurso para a abertura da feira, disse ter entendido o recado e achou melhor não comparecer ao Agrishow neste ano.
“Sem nenhum rancor, compreendo as entidades. Eu fui desconvidado talvez para evitar algum mal-estar. Foi pedido se não seria melhor eu ir no dia 2. Eu entendi o recado, compreendo. Em outra oportunidade, eu visito o Agrishow com muito carinho. Tudo no seu tempo”, disse.
O ministro lembrou que o país vive um momento de polarização que “precisa ser superado em busca da paz”. Ele defendeu a necessidade de se “olhar para a frente e entender que as eleições acabaram”.
“Em 2026, terá outra eleição. E todos têm o direito de escolher seu candidato. Mas em 2026. Agora, é hora de trabalhar”, ressaltou.
Fávaro disse não acreditar que o episódio afete a relação do governo federal com o segmento do agronegócio. Ele afirmou que compreende “a preocupação do presidente da feira em evitar hostilidades”. “O diálogo está sempre aberto”, ressaltou.
O episódio é uma mostra da dificuldade do governo petista em se reaproximar do segmento do agronegócio, que era considerado um dos pilares de sustentação política da gestão passada.
Fávaro tem tentado reconstruir pontes com o setor econômico, sobretudo em viagem à China, quando foi derrubado o embargo temporário à carne bovina brasileira.
Além disso, empresários do segmento foram convidados para fazerem parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, cuja primeira reunião foi marcada para a próxima semana.
CPI do MST
Na entrevista à CNN, o ministro criticou a invasão de terras produtivas e disse esperar que a CPI do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) não seja usada como palanque político.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), informou que a CPI do MST será autorizada para atuar neste primeiro semestre.
“O Congresso Nacional está cumprindo seu papel constitucional de investigar. Que a CPI seja feita sem palanque político”, afirmou.
O ministro lembrou que há legislação para evitar a invasão de terra e ressaltou que “terra invadida não é passível de reforma agrária”.
“O direito a um pedaço de terra é legítimo, mas tem que ser na forma da lei e não pode ser com invasão e quebra de credibilidade. Ainda mais de um governo aberto ao diálogo”, ressaltou.
Para o ministro, toda quebra de legalidade é preocupante e afeta a segurança jurídica do país.
“Terra produtiva não é passível de invasão e não podemos compactuar com baderna no campo”, afirmou.