quinta-feira, 14 novembro 2024
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Mistérios de Urano são desvendados com dados de arquivo da sonda Voyager 2

Da Redação Avance News

Em 1986, a sonda Voyager 2, da NASA, sobrevoou Urano, obtendo o primeiro – e até hoje único – vislumbre em detalhes do peculiar planeta gelado. 

Embora tenha revelado novas luas e anéis, a missão também apresentou mistérios que desafiaram os cientistas. Um dos maiores enigmas envolvia as partículas energizadas que orbitavam Urano, que pareciam contradizer o funcionamento dos campos magnéticos e sua capacidade de capturar radiação. O planeta, então, passou a ser considerado uma anomalia no Sistema Solar.

Imagem de Urano capturada pela espaçonave Voyager 2, da NASA, enquanto sobrevoava o gigante de gelo em 1986. Créditos: NASA / JPL-Caltech

Agora, uma nova análise dos dados coletados pela espaçonave esclareceu a origem desse fenômeno. Um artigo publicado segunda-feira (11) na revista Nature Astronomy descreve a pesquisa, segundo a qual, antes do sobrevoo, Urano havia sido atingido por um tipo raro de clima espacial, que comprimiu drasticamente a magnetosfera do planeta.

“Se a Voyager 2 tivesse chegado apenas alguns dias antes, teria observado uma magnetosfera completamente diferente”, afirma Jamie Jasinski, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), da NASA, principal autor do estudo, em um comunicado. As condições que a espaçonave encontrou ocorriam apenas 4% do tempo, o que ajudou a explicar os comportamentos inesperados observados.

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Magnetosfera de Urano intriga cientistas

Magnetosferas funcionam como uma espécie de “escudo” ao redor dos planetas, protegendo-os da radiação do vento solar. A de Urano, no entanto, estava em um estado incomum, o que deixou os cientistas confusos. 

No sobrevoo de 38 anos atrás, a Voyager 2 detectou cinturões de radiação de elétrons com uma intensidade quase tão forte quanto os de Júpiter, mas sem uma fonte de partículas energizadas visível. Além disso, a magnetosfera do planeta parecia estar praticamente desprovida de plasma, algo que contradizia o que se esperava das luas geladas de Urano, que deveriam gerar íons de água.

A nova pesquisa sugere que o vento solar, ao comprimir a magnetosfera, provavelmente expulsou o plasma do sistema uraniano. Esse evento também pode ter intensificado temporariamente a dinâmica da magnetosfera, o que ajudou a alimentar os cinturões de radiação com elétrons.

O primeiro painel deste conceito artístico retrata como a magnetosfera (bolha protetora) de Urano estava se comportando antes do sobrevoo da sonda Voyager 2. O segundo painel mostra que um tipo incomum de clima solar estava acontecendo durante a aproximação da espaçonave em 1986, dando aos cientistas uma visão distorcida da magnetosfera. Créditos: NASA / JPL-Caltech

Isso pode significar que as luas de Urano, ao contrário do que se pensava, são geologicamente ativas e capazes de liberar íons no ambiente.

Essas descobertas abrem novas possibilidades para futuras missões em Urano. A NASA incluiu o estudo do planeta como prioridade em sua Pesquisa Decadal de Ciência Planetária e Astrobiologia publicada em 2023. 

Atualmente a quase 21 bilhões de quilômetros da Terra, a sonda Voyager 2 continua obtendo dados valiosos sobre os mistérios do espaço interestelar, enquanto cientistas reavaliam tudo o que sabem sobre o sistema uraniano.



Fonte: Olhar Digital

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