A quantidade de professores que se formaram em cursos de licenciatura à distância em faculdades particulares mais do que dobrou em 10 anos.
- Eram 34% em 2012
- Em 2022, passaram a ser 65%
Os dados constam em levantamento da ONG Todos Pela Educação, feito a partir dos dados do Censo da Educação, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O movimento inverso foi verificado no número de professores formados em graduações presenciais, que caiu de 66% para 35% no mesmo intervalo.
O estudo ainda mostra que houve redução na qualidade das notas dos cursos de licenciatura em EAD entre 2014 e 2021.
Nove cursos para docentes tiveram redução na nota média do Enade:
- Artes Visuais,
- Ciências Biológicas,
- Educação Física,
- Física,
- Letras (português),
- Letras (português e inglês),
- Música,
- Pedagogia,
- e Química.
Só em 2021, todos os cursos de formação para professores analisados, as notas médias EAD eram menores do que na modalidade presencial.
Outros problemas
Segundo Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, o ensino à distância não é o único problema na formação inicial de professores.
“É papel do Ministério da Educação reformular profundamente os processos regulatórios desses cursos à distância”, disse. “Os futuros professores e a sociedade como um todo não podem ser vítimas desse descaso, que se intensifica ano após ano, sem que o governo federal tome uma medida eficaz para frear essa expansão”.
O Censo da Educação, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgado na terça-feira (10), mostra que os ingressantes dos cursos de licenciatura em EAD representam 93,7% na rede privada enquanto na rede pública são 22,2% nessa modalidade.
Ação do ministério
Uma das preocupações apontadas pelo ministro da Educação, Camilo Santana, é a expansão do ensino à distância, que cresceu 21% de 2021 para 2022.
O ministro classificou o fenômeno como “alarmante e desafiador”. “São 17,1 milhões de vagas, ante 5,6 milhões no ensino presencial”, disse.
“Nossa preocupação não é ter curso à distância, mas garantir a qualidade desse curso oferecido para a formação do profissional. Estávamos aguardando o relatório desse último Censo para tomar decisões mais rígidas ou duras para regular e coordenar esses cursos”, explica o ministro.
Camilo Santana também afirmou que a formação de professores também é outra preocupação e que foi criado um grupo trabalho para regulamentar a formação inicial de professores no Brasil
O MEC afirmou para CNN que fará uma análise mais rigorosa desses cursos e estavam discutindo a questão. “Abrimos consulta pública, mas, pelos dados (do Censo da Educação Superior), isso exigirá uma ação mais rápida. O MEC quer prezar pela qualidade desses cursos.”
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