sábado, 30 novembro 2024
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Número de recuperações judiciais do agronegócio, inflados e mal interpretados, podem prejudicar o setor

Da Redação Avance News

Na última semana diversas manchetes alarmantes circularam, anunciando uma situação catastrófica para o agronegócio, com quebradeira geral, aumento de mais de 700% no número de pedidos de recuperação judicial (Pedidos de Recuperação Judicial no agronegócio explodem 720% em 2024), muita gritaria e desespero, mas uma analise feita pelo professor de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Ricardo Passos de Souza (foto), coloca os pontos nos is.

André, que também é colunista da Money Times  fez uma análise mais aprofundada dos números apresentados de forma alarmante e concluiu que a situação pode não ser tão grave quanto parece à primeira vista e que a agitação desnecessária não contribui para minorar o problema real.

Ele concorda que houve sim, um aumento significativo de pedidos de recuperação judicial e que os produtores rurais enfrentam dificuldades por conta das intempéries climáticas e oscilações negativas de preços no mercado etc.

Mas observa que a situação é mais grave – o que tem provocado o aumento nos pedidos de recuperação judicial – mas está concentrada, “especialmente em regiões como Mato Grosso e Goiás, afetando principalmente pequenos produtores e arrendatários com menor capacidade financeira para lidar com suas dívidas”.

Ele cita o exemplo da pesquisa Serasa Experian publicada semana passada, sobre números de 2023, que dizia: “Em 2023, os pedidos de recuperação judicial feitos por proprietários rurais que atuam como pessoas físicas registraram alta no agronegócio brasileiro. Comparado a 2022, houve um crescimento de 535% no ano passado“.

Passos chama a atenção para um detalhe da pesquisa: “Num universo que ultrapassa os 5 milhões de produtores rurais no país, os 127 pedidos de recuperação judicial representam apenas 0,0000254% do total, levantando questionamentos sobre a representatividade da amostra”.

Segundo o especialista, exageros e interpretações errôneas de dados, apenas tem contribuído para disseminar um clima de alarmismo desnecessário. Dados regionais e do ano passado, divulgados nacionalmente e num momento em que o mercado está agitado por conta dos problemas (reais) enfrentados na safra 23/24, apenas põe lenha na fogueira.

“A mídia, muitas vezes, divulga números sem a devida contextualização, enquanto alguns analistas criam cenários apocalípticos sem considerar as nuances da situação. A realidade, no entanto, é mais complexa. Embora o agronegócio enfrente desafios, seus fundamentos continuam sólidos. As recuperações judiciais observadas são pontuais e devem ser analisadas caso a caso”, recomenda o professor da FGV.

“Apesar dos ruídos e desafios enfrentados, o agronegócio brasileiro continua sendo um setor estratégico para a economia do país. Com a crescente importância da governança do clima e dos negócios num mundo multipolarizado, a boa governança, a segurança jurídica e as boas práticas de mercado tornam-se ainda mais essenciais para o sucesso do setor”, lembra o professor.

“Em suma, embora o agronegócio brasileiro enfrente um momento desafiador, não podemos afirmar que esteja em um estado caótico. É necessário cautela na interpretação dos dados e atenção para evitar distorções. O futuro do setor permanece promissor, com o Judiciário garantindo a segurança jurídica e as boas práticas de mercado sendo fundamentais para seu sucesso contínuo”.

O alerta do professor da FGV se torna importante porque, além de influenciar os preços dos produtos, essas informações fora de contexto podem complicar renegociações de dívidas e a concessão novos financiamentos no futuro.

E conclui: “O produtor rural que for “aconselhado” a recorrer ao remédio extremo da recuperação judicial, por alguma situação de aperto de crédito, frustração de safra (o novo número divulgado pela Conab na semana passada reduziu ainda mais a previsão para a safra a ser colhida em 23/24, para 295,6 milhões de toneladas de grãos) ou simples “modismo” dos consultores da vez, deve sopesar com muito cuidado a potencial utilização da ferramenta”.





Fonte: Pensar Agro

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