domingo, 24 novembro 2024
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O que podemos inferir do progresso da safra nos EUA?

Da Redação Avance News

Nas últimas semanas, os Estados Unidos começaram a plantar sua safra de verão 23/24. Algumas preocupações foram levantadas em relação ao ritmo de plantio no início da safra, mas elas foram rapidamente dissipadas. O plantio começou cedo e avançou rápido, principalmente para a soja. Para o milho, o ritmo também é muito bom, principalmente dadas preocupações iniciais, mas bem mais próximo da média.

O ritmo de plantio impacta em algo?

Costuma-se supor que quanto mais cedo os agricultores forem capazes de plantar, melhor para a produtividade, e isso é verdade, mas até certo ponto. A questão é entender o quanto isso pode influenciar os rendimentos esperados.

Antes de mergulhar nos números, é importante mencionar que não devemos esperar nenhum impacto já nas produtividades do WASDE da próxima semana. Isso porque o USDA geralmente considera produtividade de tendência em suas estimativas iniciais. A agência normalmente só leva em conta outros fatores nas estimativas iniciais de produtividade quando o ritmo de plantio é drasticamente afetado, mas para pior — o que não é o caso esse ano.

Um bom indicador para a próxima semana é o Fórum de Perspectivas de fevereiro. Nele, o USDA emitiu 181,5 bu/ac para o milho e 52 bu/ac para a soja. Estes podem ser considerados como a “tendência” e o WASDE de maio deve trazer algo próximo desses números. 

Efeito esperado na produtividade

De volta ao tema principal. Conforme mencionado, o plantio precoce costuma ter efeito positivo na produtividade. No entanto, algumas nuances devem ser apontadas. Primeiro, bom ritmo de plantio não é tudo. Ele não salva uma safra se ela passar por más condições climáticas mais tarde, quando o rendimento estiver sendo definido.

Daí decorre o segundo ponto, os efeitos são relativamente pequenos. No entanto, o milho é mais sensível que a soja, como mostra a diferença de R² entre as duas regressões abaixo. Este resultado concorda com a intuição geral de que o milho está mais sujeito aos fatores agrometeorológicos ao longo do desenvolvimento, enquanto a soja é mais resistente, ficando vulnerável principalmente em estágios reprodutivos.

Finalmente, algumas datas de corte estão mais correlacionadas com os rendimentos do que outras. Para o milho, quanto mais os agricultores americanos puderem plantar até meados de maio (~14/maio), melhor. Já para a soja, a data de corte é mais próxima do final de maio. Diante disso, projetamos o percentual plantado neste período, caso o plantio continue no mesmo ritmo.

Se o plantio de milho se mantiver na média dos últimos 12 anos, não devemos esperar nenhum desvio da tendência. A princípio, esse seria um fator neutro, mas com as atuais intenções de plantio e uma tendência de 180+ bu/ac, ele toma um contorno baixista. Para a soja, consideramos o ritmo de plantio mantendo as máximas de 12 anos. Isso resulta em uma influência positiva na produtividade (cerca de +1,2 bu/ac acima da tendência), porém ela não é tão impactante quanto se o milho estivesse similarmente avançado.

O que vem a seguir?

Como sempre, o clima agora será chave, com o famoso “mercado climático americano” entrando em cena. No curto prazo é importante para continuar observado as condições climáticas para o plantio.

As próximas 2-3 semanas serão quando atingiremos as datas de corte mencionadas anteriormente. A partir daí, começamos a monitorar os sinais usuais de boas condições para o desenvolvimento: água em abundância e temperaturas não muito altas.

As previsões sazonais apontam para um verão mais quente que a média e precipitação próxima do normal na maior parte do cinturão do milho dos EUA – com superávits principalmente no oeste, mas déficits (leves) no leste.

Este cenário certamente gera alguma preocupação, especialmente nos locais onde a precipitação abaixo da média encontra temperaturas acima do normal. No entanto, novamente, os déficits de chuva são esperados leves e as previsões de longo prazo devem ser tomadas com cautela. Deste modo, as perspectivas ainda são positivas para o desenvolvimento da safra — embora com ressalvas.

Com dados da hEDGEpoint Global Markets*



Fonte: AgroLink

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