Se havia uma decisão estadual tranquila nos principais centros do futebol brasileiro, esta era a paulista.
Não era, obviamente, a disputada entre Flamengo e Fluminense, nem aquela entre América e Atlético Mineiro, nem mesmo o duelo entre Caxias e Grêmio.
Até o Jacuipense parecia mais ameaçador que o inconfiável Bahia na Fonte Nova.
Pois aconteceu em São Paulo a maior surpresa.
O Flamengo passou bem pelo Fluminense por 2 a 0, o Galo arrancou vitória suada por 3 a 2 no último minuto, o Caxias quase ganhou do Grêmio, mas tomou o 1 a 1 também nos acréscimos, e o Bahia enfiou 3 a 0 no Jacuipense.
Surpresa mesmo se deu na Arena Barueri com apenas 22 mil torcedores, 9.000 abaixo da capacidade do estádio.
Sabe-se lá se a parada para as datas Fifa quebrou o ritmo do Palmeiras, se Rapahel Veiga e Rony sentiram o famoso “efeito seleção”, se Weverton também, depois de, enfim, ser titular em Marrocos, mas o campeão brasileiro tem de erguer as mãos para o céu porque a derrota por 2 a 1 não exprimiu o primeiro jogo da decisão.
No mínimo, o Água Santa fez por merecer vitória por dois gols de diferença, tamanha a superioridade demonstrada no segundo tempo.
É verdade que Dudu seguiu ausente da seleção brasileira e jogou muito mal, assim como Gabriel Menino, em tarde infantil, até por ter desperdiçado a chance de passar uma bola para três companheiros em melhor situação e tentado fazer gol improvável quando a partida ainda estava 0 a 0.
Contra o adversário aparentemente mais frágil, o time de Abel Ferreira foi o grande com pior atuação.
Existem todas as condições de a equipe fazer com o adversário no próximo domingo (9), na casa verde, o que fez com o São Paulo no passado (virou o 3 a 1 no Morumbi com sonoros 4 a 0). Mas desta vez há mais que uma pedra no caminho: há uma montanha, enorme, de 3.600 m de altitude, chamada La Paz, onde jogará no meio da semana pela Copa Libertadores contra o Bolívar.
Como se sabe, na capital boliviana, quando o avião pousa, parece estar decolando. E, quando decola, parece ser submarino.
Dilema atroz.
Dá por perdida a estreia na Libertadores, porque terá cinco chances para recuperar os pontos perdidos e assim mesmo terminar em primeiro lugar, ou aposta em vencer os dois jogos que têm pela frente?
O título estadual invicto já é impossível, mas perdê-lo equivalerá a vexame pior que o quarto lugar no Mundial de Clubes. Como aconteceu em 1986, quando tornou-se o primeiro grande a perder decisão para clube do interior, a Internacional de Limeira.
Antes, por três vezes, em 1977, 1979 e 1981, Corinthians, duas vezes, e São Paulo, haviam derrotado a Ponte Preta, aliás, muito mais qualificada que a Inter. O próprio Palmeiras, em 1976, tinha vencido o XV de Piracicaba.
Tudo anda muito mudado no mundo do futebol.
Um grupo que corra atrás da bola como queria Neném Prancha, como se fosse um prato de comida, faz cada vez mais a diferença, e o time de Diadema foi exemplar diante dos milionários alviverdes.
Nada que mude da água para o vinho o favoritismo palmeirense, mas tudo que impõe, ao menos, ponto de interrogação sobre quem será o campeão paulista.
Vocês, rara leitora e raro leitor, apostariam tudo o que têm apenas no Palmeiras ou reservariam algum para botar fé no Água Santa?
Prudente –e ferrenho opositor de apostas, principalmente das bancas–, recomendo não apostar.
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