Da Redação Avance News
O feriado da Páscoa é considerado o Natal do setor de peixes no Brasil. A demanda por pescados costuma ser, em média, 30% superior nesta época do ano em todo o país.
De acordo com o presidente-executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), Francisco Medeiros, há motivos para se comemorar em 2025. Isso porque, desde o começo do ano, as vendas estão em volume considerado satisfatório.
“Por uma série de condições econômicas e até questões políticas do Brasil, tínhamos uma preocupação, mas a oferta de pescado é bastante satisfatória e o fator mais importante é que, diferentemente da Páscoa de 2024, principalmente em relação aos peixes de cultivo, como tilápia e tambaqui, teremos uma manutenção de preços ao produtor”, ressalta.
Segundo ele, isso se deve, principalmente, em função das grandes produções de 2024 e deste ano, o que se reflete, também, no bolso do consumidor, que deve encontrar promoções mesmo em um período de demanda tão alto, como na Semana Santa.
Tilápia: rainha da água doce
A ampla oferta do produto deve levar a uma maior quantidade de pontos de venda de pescados neste ano. A tilápia, por exemplo, é a principal espécie cultivada no Brasil, com 68% de participação no mercado de cultivados e teve a sua produção elevada em mais de 14% ao longo de 2024.
“A tilápia acabou conseguindo chegar aos mais diversos pontos de venda. No interior do Pará, do Maranhão e em atacarejos de grandes supermercados se encontra filé de tilápia. Praticamente 100% dos grandes supermercados brasileiros têm o produto e ele acabou se encaixando na cadeia de proteína porque é um produto suave, sem espinhas e de fácil preparo”, contextualiza Medeiros.
O presidente da Peixes BR lembra que por conta de o Brasil ser um país ainda majoritariamente católico, o costume de comer peixe na Semana Santa impulsiona o setor. “Uma curiosidade é que a tilápia é um peixe santo. O milagre que é relatado nos Evangelhos, o milagre de Cristo, da multiplicação dos peixes, foi feito com tilápia porque no Rio Jordão tem uma tilápia típica daquela região e por lá, inclusive, se chama de San Peter em homenagem a essa questão da multiplicação.”
Além disso, Medeiros lembra que a tilápia é o único pescado considerado uma commodity dentro do setor de pescados, visto que é produzida em 90 países e comercializada em 140 nações. “Então em 140 países do mundo se encontra exatamente o mesmo filé, do mesmo jeito, o mesmo produto”.
De acordo com ele, atualmente o Brasil exporta tilápias para 42 países. O peixe é, inclusive, a proteína animal cujo consumo tem mais aumentado no país, com crescimento anual de 10% nos últimos 11 anos.
Segundo Medeiros, a demanda por tilápia é tamanha que a projeção da entidade é que até o final desta década, 80% de todos os peixes cultivados sejam da espécie.