Da Redação Avance News
O Brasil é o terceiro maior produtor e exportador de carne de frango do mundo. Apesar desse destaque internacional – que se estende a outras commodities agropecuárias – persiste no imaginário popular a crença de que frangos de corte recebem hormônios para acelerar o crescimento.
Para desmistificar essa lenda, pesquisa científica conduzida por estudantes de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB) buscou confirmar a qualidade do manejo dos frangos fornecidos para a indústria alimentícia brasileira.
O estudo lembrou que o mito dos hormônios aplicados aos frangos surgiu na década de 1970, quando avanços científicos relacionados a hormônios para ganho de peso eram discutidos pela indústria mundial de avicultura.
Apesar de os testes não terem sido realizados com frangos de corte, a ideia se espalhou. Para os estudantes, isso teria levado o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em 2004, a criar instrução normativa proibindo oficialmente o uso da substância em aves.
Realidade dos manejos
Para a pesquisa, os estudantes do CEUB combinaram levantamentos acadêmicos, visitas a aviculturas, frigoríficos e granjas em busca de diagnosticar a realidade do manejo dos animais.
Segundo a conclusão deles, o crescimento rápido dos frangos resulta de avanços científicos e boas práticas de manejo e produção, algo que já é comumente sabido no meio.
“Outro fator que confunde o público leigo é o uso de antibióticos, que são aplicados no controle de doenças aviárias e podem ser – erroneamente – associados ao crescimento das aves”, destaca Marianna Gadê, coautora da pesquisa.
Do ovo para a mesa
A orientadora do projeto e professora de Medicina Veterinária do CEUB, Francislete Melo, descreve os avanços no melhoramento genético, nutrição equilibrada e manejo, mostrando que a pesquisa aponta que a seleção genética prioriza aves com maior produtividade, saúde e qualidade de carne, enquanto a alimentação é formulada com nutrientes essenciais, como milho, soja, vitaminas e aminoácidos.
“As condições de criação também são otimizadas por meio do controle rigoroso de fatores, como temperatura, espaço e sanidade, garantindo desenvolvimento eficiente e sustentável”.
Francislete acrescenta que o uso de hormônios em frangos seria tecnicamente inviável, mesmo que fosse permitido por lei. “ A aplicação desses hormônios exigiria que fossem injetados individualmente em cada ave, o que, considerando a quantidade de frangos criados, tornaria o processo totalmente inviável”, destaca.
No combate à desinformação, o grupo de estudantes criou vídeo educativo para o Tik Tok, que busca conscientizar o público sobre o mito da aplicação de hormônios de crescimento nos frangos de corte, destacando a proibição da prática no Brasil.
“O vídeo foi elaborado de forma didática para alcançar maior número de pessoas, utilizando as redes sociais como meio de divulgação popular. A rápida evolução no desenvolvimento dos frangos é resultado de avanços em três pilares da avicultura: o melhoramento genético, a nutrição e manejo”, completam os autores.