Ana Paula Rehbein, Patrício Reis, g1 Tocantins
Dois estudos recentes acendem um alerta sobre a situação da bacia do Rio Araguaia. As pesquisas indicam que esse rio tem cada vez mais dificuldade em recuperar o fluxo no período de chuva e que a qualidade da água fica pior a cada ano que passa.
O Araguaia atravessa quatro estados e com os afluentes forma a maior bacia hidrográfica totalmente brasileira, responsável por abastecer grande parte do centro-oeste e do norte do país. A ribeirinha Eunice mora na margem do rio desde que nasceu e vive da pesca. Mas ela está preocupada, pois percebeu que o entorno do rio está passando por mudanças.
“O homem desmatou, tirou a chuva, porque você sabe que se a árvore acabar, a chuva também vai diminuindo, né? O interesse da gente é que venha reflorestar porque através do reflorestamento aí vem a chuva e esse rio não vai faltar água”, disse Eunice Pinto Gomes.
O estudo sobre o volume de água é da universidade de Brasília. Os pesquisadores analisaram dados sobre a superfície de água e a vazão da correnteza nas 21 estações de monitoramento desde 1980. A conclusão foi de que nos últimos 40 anos o rio perdeu em média 40% da vazão e entre 40 e 67% da superfície de água, dependendo da parte do rio que é analisada.
“Vimos também que existe uma correlação forte entre redução de superfície de água com o aumento da agricultura, do desmatamento e da quantidade de áreas irrigadas. É necessário, primeiro, voltar a reflorestar”, disse o pesquisador Ludgero Vieira.
A outra pesquisa é da universidade federal do Mato Grosso. Amostras de água foram colhidas no Araguaia e nos afluentes para testar a qualidade. Foram encontrados oito tipos de pesticidas.
“Em geral, esses pesticidas estão em baixa concentração, mas o que mais chamou a atenção nesse estudo é que a gente encontrou contaminação ambiental em todas as sub-bacias estudadas, mostrando que a contaminação está bem difundida aqui na região”, disse o professor e pesquisador Dilermando Pereira Lima.
Segundo o secretário de meio ambiente do Tocantins, Marcelo Lelis, atualmente são 60 estações que monitoram o volume de água nos rios do estado e 80 que monitoram a qualidade.
“Nós assinamos um acordo com o instituto espinhaço para revitalização de 2 mil hectares em torno de nascentes e em Apps na região do rio Formoso. Estamos começando uma agenda de restauração de áreas degradadas no estado.”