Da Redação Avance News
O anúncio dos recursos do Plano Safra 24/25 para a agricultura familiar gerou uma série de reações no setor. O especialista em crédito rural, Davi Télio, diretor comercial da TerraMagna, compartilhou suas perspectivas em entrevista ao Mercado e Companhia.
Télio destacou que, infelizmente, o valor dos recursos anunciados não é suficiente para atender às necessidades atuais do setor. “Esse valor de financiamento do Plano Safra para o crédito rural precisa abarcar tudo. Este ano, tivemos perdas climáticas significativas em várias regiões, com seca drástica e excesso de chuva, além de uma queda importante no preço das commodities. Isso resultou em uma perda de liquidez e capacidade de produção tanto da agricultura familiar quanto empresarial”, afirmou.
Com um montante total de R$ 475 bilhões, Télio questionou se esse valor é capaz de cobrir o novo plantio ou se será utilizado para acomodar as prorrogações já negociadas pelos produtores com os bancos. “O valor realmente está bem aquém do que o mercado esperava e do que seria necessário”, completou.
Sobre as modalidades de seguro agrícola oferecidas para proteger os agricultores familiares contra perdas climáticas e outras adversidades, Télio explicou que, embora exista um subsídio para o seguro agrícola, ele ainda é insuficiente. “Até o momento, tivemos R$ 346 milhões de subvenção liberados em 2024, dentro de um orçamento de R$ 947 milhões. Isso cobre apenas 1,6 milhões de hectares e cerca de 31 mil apólices, o que é muito pouco”, detalhou.
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Ele destacou que, além do risco climático, a agricultura familiar está exposta ao risco de preço dos produtos. “Este ano, a produção agrícola vai custar mais caro devido ao preço dos principais insumos, como fertilizantes e agroquímicos, que são cotados em dólar, com uma taxa de câmbio muito maior do que no ano passado. Isso significa que o custo de produção será maior, mas os agricultores não sabem por quanto poderão vender seus produtos”, explicou Télio.
Como recomendação, Télio sugeriu que seria inteligente pensar em um seguro agrícola que garantisse um preço mínimo para hortaliças, frutas e legumes, principais produtos da agricultura familiar. “Hoje, a Conab e o governo se preocupam muito com o preço da soja, milho, etc., mas deveriam considerar também a economia popular”, finalizou.