Da Redação Avance News
O mercado brasileiro de boi gordo chega ao último dia útil de novembro e o cenário, ao longo do mês, foi de altas consistentes no preço da arroba.
Para o analista de Safras & Mercado Fernando Iglesias, as exportações foram o grande fundamento para esse movimento de valorização nos preços, com o Brasil enfileirando recordes de embarques ao longo do ano.
“Neste cenário, as indústrias encontraram dificuldades na composição de suas escalas de abate e tiveram que pagar preços cada vez mais altos. As negociações atingiram o topo
histórico neste mês em São Paulo e em Goiás”, afirma.
Para Iglesias, chama a atenção, porém, a queda abrupta observada na B3 ao longo dessa semana, especialmente na quinta-feira (28).
Segundo ele, esse fenômeno pode ser atribuído a um movimento de realização de lucros, com a saída de algumas indústrias da compra de gado, somada a perspectiva de avanço da oferta, o que favoreceu um forte declínio nos preços.
“Acredito que o mercado já venha a buscar uma correção a partir da próxima semana, pois a queda observada nos últimos dias foi muito abrupta, sem que houvesse fundamentos para isso. No entanto, talvez, os frigoríficos já possam retornar ao mercado com uma intenção de compra em patamares mais baixos”, avalia.
Arroba em novembro x outubro
Os preços da arroba do boi gordo na modalidade a prazo nas principais praças de comercialização do país estavam assim no dia 28 de novembro:
- São Paulo (Capital): R$ 360, alta de 10,77% frente aos R$ 325 registrados no
fechamento de outubro - Goiás (Goiânia): R$ 355, avanço de 12,7% perante os R$ 315 no fechamento do mês passado
- Minas Gerais (Uberaba): R$ 320, aumento de 18,52% frente aos R$ 270 do mês passado
- Mato Grosso do Sul (Dourados): R$ 345, valorização de 7,81% em comparação aos R$ 320 de outubro
- Mato Grosso (Cuiabá): R$ 330, 8,06% acima dos R$ 310 do encerramento de outubro
- Rondônia (Vilhena): R$ 310, aumento de 3,33% em relação aos R$ 300 praticados no final do mês passado
Expectativa de preço do boi gordo em dezembro
Para o mês de dezembro, Iglesias acredita que a expectativa é de que o mercado de boi gordo registre um cenário um pouco mais acomodado nos preços, uma vez que houve um bom andamento das escalas de abate dos frigoríficos nessa semana, agora fechadas, em média, entre cinco a sete dias úteis.
“Além disso, há uma expectativa de boa entrega de animais terminados em regime intensivo na primeira semana de dezembro, o que pode resultar em nova queda das indicações de compra”, detalha.
Mercado atacadista
O mercado atacadista registrou um movimento de ampla valorização para os cortes bovinos ao longo de novembro. “Resta saber se o consumidor ainda terá fôlego para absorver patamares de preços bastante elevados sem que haja um declínio na demanda”, diz Iglesias.
Para o analista, as carnes de frango e suína podem vir a ser favorecidas, por ainda apresentarem preços inferiores aos praticados para a carne bovina.
O quarto do traseiro avançou 13,25% ao longo do mês, passando de R$ 23,40 o quilo para R$ 26,50 o quilo. O quarto do dianteiro subiu 10,81%, de R$ 18,50 para R$ 20,50.
Exportações de carne bovina
As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 875,473 milhões em novembro (14 dias úteis), com média diária de US$ 62,533 milhões, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
A quantidade total exportada pelo país chegou a 179,991 mil toneladas, com média diária de 12,856 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 4.864,00.
De acordo com a Secex, em relação a novembro de 2023, houve alta de 44,9% no valor médio diário da exportação, ganho de 36,8% na quantidade média diária exportada e avanço de 5,9% no preço médio.