O presidente da Petrobras
, Jean Paul Prates, disse em entrevista publicada pelo GLOBO nesta sexta-feira (12) que a empresa irá reduzir o preço dos combustíveis, mas sem se descolar completamente do mercado externo. Segundo ele, a nova estratégia comercial da empresa está na fase final e irá substituir a política de paridade de importação (PPI), que leva em conta o valor do dólar e do petróleo, adotada desde 2016.
“Isso tem que ser feito com sabedoria e calma. Na campanha, o presidente Lula falou em abrasileirar o preço. Falei várias vezes que a gente tem que se libertar do dogma do PPI. Não faz sentido brigar tanto pela autossuficiência, ser até exportador, brigar pela autossuficiência em refino e dizer ‘agora o preço aqui é o de Roterdã mais o frete'”, declarou.
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Prates disse ainda que o “mistério” sobre a nova política vai acabar, pois “daqui a pouco” ele iria anunciar o novo modelo. “Não é política de governo. É o que a Petrobras vai praticar como estratégia comercial respaldada nas vantagens competitivas de produzir e refinar no Brasil.”
Sem dar muitos detalhes do novo formato, ele disse que a empresa não vai deixar de lucrar, mas mudará o preço do combustível por refinaria e de acordo com o cliente. Ele garante, no entanto, que seguirá tendo o preço do mercado internacional como referência.
“Se você compra muito, faço um preço melhor. Se compra para entregar no Porto de Santos é uma coisa, se compra para entregar no interior, é outra. Mas a Petrobras vai ser sempre a melhor opção de preço”, afirmou.
“A gente vai fazer com parcimônia e tranquilidade porque não vamos nos desgarrar do preço internacional como uma Venezuela e vender o diesel ao preço que quiser. Quando subir lá fora, terá que subir aqui dentro. Quando descer lá fora, vai ter que descer aqui. Mas isso dentro também de uma gestão que a empresa tem o direito de fazer”, completou.
Dividendos
O Conselho de Administração da Petrobras aprovou nesta quinta-feira (11), no Rio de Janeiro, o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio aos acionistas no valor de R$ 1,89 por ação ordinária e preferencial. Assim, cerca de R$ 24 bilhões serão distribuídos a investidores.
Esta é a primeira remuneração aos acionistas da empresa no governo Lula. Prates garante que a distribuição vai mudar “a loucura” que era no ano passado.
“A gente vai discutir no Conselho. Os acionistas privados participam. Já se pressupõe que não vai ser uma loucura”, declarou, adicionando que o percentual não ia mudar “tanto”.
Na entrevista, Prates também assegurou que o governo não tentará recuperar a Vibra, ex-BR Distribuidora, na Justiça, mas questionou pontos do contrato.
A estatal informou nesta quinta-feira (11) que registrou lucro líquido de R$ 38,156 bilhões no primeiro trimestre de 2023, uma queda de 14,4% em relação aos R$ 44,56 bilhões obtidos no mesmo período do ano passado.