Tarciana Medeiros, previdente do Banco do Brasil
A presidente do Banco do Brasil, Taciana Medeiros, afirmou nesta sexta-feira (16) que irá revisar as projeções financeiras para 2025, após uma queda nos lucros da instituição.
O Banco do Brasil divulgou nesta quinta-feira (15) que teve lucro líquido ajustado de R$ 7,3 bilhões no primeiro trimestre de 2025, uma queda de 20,7% em relação ao mesmo período do ano passado ( Veja o que o BB diz abaixo).
Em conversa com analistas, a executiva afirmou que a redução no lucro foi provocada por uma combinação de fatores. Entre eles, destacou a alta da inadimplência no agronegócio e a entrada em vigor da resolução 4.966, que mudou as regras contábeis para os bancos.
“A decisão de rever o guidance não foi fácil, mas é a mais prudente e reforça nosso compromisso com a transparência”, disse.
Tarciana explicou que nenhum dos fatores, isoladamente, teria gerado tamanho impacto, mas a coincidência entre os atrasos no agro, o novo modelo de provisões e a taxa Selic elevada comprometeram os resultados.
“O lucro ficou abaixo do que acredito ser o potencial do banco”, declarou.
Novas operações
Ela também informou que o BB está em negociação com o Banco Central para tratar de ajustes na aplicação da nova norma, especialmente sobre as operações do agronegócio.
“Já estamos abrindo conversa com o regulador para levar proposições de tratamento diferente da carteira do agro”, afirmou.
A mudança contábil fez com que o banco deixasse de reconhecer R$ 1 bilhão em receitas de crédito, já que o novo regime só permite contabilizar os valores após o efetivo recebimento. No setor do agronegócio, a inadimplência subiu para 3,04% no fim de março.
Apesar do cenário, a carteira total de crédito do banco cresceu 1,1% no trimestre e chegou a R$ 1,278 trilhão. O vice-presidente de gestão financeira do BB, Geovanne Tobias, disse que o banco mantém a previsão de distribuir 40% do lucro aos acionistas este ano. Ele acredita que a safra recorde de soja e milho e o reforço nas cobranças vão ajudar a conter a inadimplência no segundo semestre.
O que diz o BB
Em nota, o Banco do Brasil atribuiu parte da queda no lucro à entrada em vigor da Resolução nº 4.966 do Conselho Monetário Nacional, que passou a valer em janeiro deste ano. A norma altera a forma de contabilização das provisões para perdas esperadas, com base em estimativas e não apenas em ocorrências concretas, o que mudou o momento do reconhecimento de algumas receitas e despesas.
Segundo o banco, o novo regime de caixa — exigido para operações de crédito com atraso superior a 90 dias — impediu o reconhecimento de cerca de R$ 1 bilhão em receitas de crédito no primeiro trimestre.
Diante desse cenário, o BB informou que irá revisar suas projeções para o ano (guidance), especialmente em relação ao lucro líquido ajustado, margem financeira bruta e custo do crédito. Em fevereiro, o banco havia estimado um lucro entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões, mas os novos números ainda não foram divulgados.
Apesar da queda no lucro, a carteira de crédito do BB cresceu 14,4% em 12 meses e atingiu R$ 1,278 trilhão no fim de março. O destaque ficou por conta do crédito para pessoa jurídica, que avançou 22,4% no ano, além de uma expansão no financiamento ao agronegócio e nas operações da carteira de crédito sustentável.
Nas receitas de prestação de serviços, houve queda de 9% no trimestre, mas uma leve alta de 0,2% no acumulado de 12 meses. Já as despesas administrativas recuaram 0,1% em relação ao trimestre anterior, com alta de 7% na comparação anual.