quinta-feira, 28 novembro 2024
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Primeira cápsula de suicídio assistido é lançada e pode ser usada em breve; conheça

Arnd Wiegmann/AFP

Cápsula usa nitrogênio para matar os usuários

Uma nova cápsula de  eutanásia
pode ser usada pela primeira vez na Suíça, potencialmente dentro de meses, proporcionando o suicídio assistido sem supervisão médica, de acordo com anúncio realizado nesta quarta-feira (17).

A cápsula Sarco, com aparência espacial, revelada pela primeira vez em 2019, substitui o oxigênio dentro dela por nitrogênio, causando a morte por hipóxia. O preço para usar o aparelho seria de US$ 20, o equivalente a cerca de R$ 110.

A organização Last Resort, responsável pela cápsula, disse não ver nenhum obstáculo legal ao seu uso na Suíça, onde a lei geralmente permite o suicídio assistido se a própria pessoa cometer o ato letal.

“Como temos pessoas realmente fazendo fila, pedindo para usar o Sarco, é muito provável que isso aconteça em breve”, disse o presidente-executivo do Last Resort, Florian Willet, em entrevista coletiva.

“Não consigo imaginar uma maneira mais bonita (de morrer), de respirar ar sem oxigênio até cair no sono eterno”, acrescentou.

“Se você quiser morrer, aperte esse botão”

A pessoa que deseja morrer deve primeiro passar por uma avaliação psiquiátrica da sua capacidade mental – um requisito legal fundamental.

A pessoa, então, sobe na cápsula, fecha a tampa e responde a perguntas automatizadas como quem é, onde está e se sabe o que acontece ao apertar o botão.

“Se você quiser morrer, aperte esse botão”, diz a voz no processador, segundo o inventor do Sarco, Philip Nitschke, uma figura líder global no ativismo pelo direito de morrer.

Ele explicou que, uma vez pressionado o botão, a quantidade de oxigênio no ar cai de 21% para 0,05% em menos de 30 segundos.

“Dentro de duas respirações de ar com esse baixo nível de oxigênio, eles começarão a se sentir desorientados, descoordenados e ligeiramente eufóricos antes de perderem a consciência”, disse Nitschke.

“Eles então permanecerão nesse estado de inconsciência por cerca de cinco minutos antes da morte ocorrer”, acrescentou.

O Sarco monitora o nível de oxigênio na cápsula, a frequência cardíaca da pessoa e a saturação de oxigênio no sangue.

“Poderemos ver rapidamente quando essa pessoa morreu”, disse Nitschke.

Quanto a alguém que mudou de ideia no último minuto, Nitschke disse: “Depois de pressionar esse botão, não há como voltar atrás”.

Primeiro usuário

Nenhuma decisão foi tomada sobre a data e local da primeira morte, ou quem poderá ser o primeiro usuário.

“Nós realmente não queremos que o desejo de uma Suíça pacífica se transforme em um circo da mídia”, disse a advogada Fiona Stewart, que faz parte do conselho consultivo do Last Resort.

Ela disse que a cápsula seria usada “em um local muito isolado, na beleza da natureza”, embora tivesse que ser em propriedade privada.

Questionada se o primeiro uso seria neste ano, ela respondeu: “Eu diria que sim”.

O limite mínimo de idade é fixado em 50 anos, mas se alguém com mais de 18 anos estiver gravemente doente, “não quereríamos negar o sofrimento a uma pessoa com base na sua idade”, disse Stewart. 

A organização Exit International de Nitschke, proprietária da Sarco, é um grupo sem fins lucrativos financiado por doações.

A cápsula pode ser reutilizada. Stewart disse que o único custo para o usuário seria de 18 francos suíços (US$ 20) pelo nitrogênio.

Desenvolvimento e debate

A utilização potencial da cápsula levantou uma série de questões legais e éticas na Suíça, reacendendo o debate sobre a morte assistida.

O estado de Wallis proibiu a sua utilização, enquanto outros manifestaram reservas.

“Entendemos que não há impedimento legal para o uso do Sarco, apesar do que qualquer estado diga”, insistiu Stewart.

O nitrogênio, que constitui 78% do ar, “não é um produto médico, não é uma arma perigosa”, acrescentou ela.

“Queremos desmedicalizar o suicídio assistido, porque um Sarco não exige a proximidade de um médico”, disse Stewart.

Somente após a morte de uma pessoa as autoridades suíças seriam chamadas.

A cápsula imprimível em 3D custou mais de 650 mil euros (cerca de R$ 3,9 milhões) para ser pesquisada e desenvolvida na Holanda ao longo de 12 anos.

Stewart disse que o aparelho foi testado com instrumentos em uma oficina em Rotterdam nos últimos 12 meses. Não foi testado em humanos ou animais.

O atual Sarco só pode acomodar alguém com 1,73 metros de altura. A equipe de desenvolvimento busca construir um Sarco duplo para que os casais possam acabar com suas vidas juntos.

O futuro Sarco poderá custar cerca de 15 mil euros. O Sarco nunca será permitido para uso em pena de morte, disse o Last Resort.

Fonte: iG

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