segunda-feira, 10 março 2025
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Produção agropecuária deve passar de R$ 1 trilhão em 2025

Jaelson Lucas-AEN-PR

Soja é um dos produtos mais exportados do Brasil

O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária brasileira deve alcançar R$ 1,46 trilhão em 2025. Esse número representa um crescimento de 9,1% em relação ao ano anterior, de acordo com Comunicado Técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Esse aumento reflete a combinação de fatores como melhoria das condições climáticas, recuperação da produtividade e forte demanda externa.

Para Marcello Marin, contador, administrador e especialista em Recuperação Judicial, o crescimento do VBP é resultado de um conjunto de elementos que favorecem o setor.

“Esse crescimento vem da soma de vários fatores: recuperação da produtividade depois de um período mais desafiador, clima mais favorável e uma demanda externa que continua forte. Além disso, o agro tem se modernizado cada vez mais, com tecnologia e gestão mais eficiente, o que faz toda a diferença no resultado final”, explica.

Larry Carvalho, advogado especialista em agronegócios e logística marítima, também destaca as mudanças no clima como um dos fatores que favoreceram esse aumento.”Além disso, a pecuária também veio forte, com destaque para a bovinocultura de corte, que se beneficiou da valorização dos preços. Quando juntamos essas peças – safra maior, pecuária aquecida e preços favoráveis –, o resultado é esse aumento expressivo no VBP, que deve alcançar R$ 1,419 trilhão este ano, segundo o Ministério da Agricultura”, destaca.

Impacto do clima e dos mercados internacionais

A CNA aponta que a estimativa para a agricultura é de uma expansão de 9% em 2025, atingindo R$ 966,5 bilhões. Essa recuperação se deve, em grande parte, à melhoria das condições climáticas, fator determinante para o crescimento do setor.

“O clima sempre tem um peso enorme no agro. Em 2025, no geral, foi mais positivo: chuvas melhor distribuídas e menos eventos extremos permitiram uma safra mais produtiva. Claro, algumas regiões ainda enfrentaram desafios, mas, no balanço geral, o clima ajudou a impulsionar a produção”, ressalta Marin.

Carvalho destaca que a soja e milho foram umas das culturas que mais se favoreceram com a distribuição das chuvas. Ao mesmo tempo, o uso de tecnologias avançadas no campo, como manejo mais eficiente e sementes resistentes, contribuiu para elevar a produtividade.

“No entanto, nem todas as regiões foram beneficiadas da mesma forma: enquanto a safra de grãos foi robusta, algumas áreas enfrentaram secas severas, impactando culturas como o café, cuja menor oferta levou a uma valorização do produto. Já no setor pecuário, a valorização da carne bovina foi impulsionada pelo aumento da demanda internacional e pela reabertura de mercados estratégicos, consolidando um cenário positivo para o agro como um todo”, ressaltou.

Além das questões climáticas, o mercado internacional tem exercido papel essencial na alta do VBP.

“Tivemos uma melhora no mercado internacional, com bons volumes de exportação e um câmbio que ajudou a tornar nossos produtos mais competitivos. Sem falar na eficiência do produtor, que vem otimizando custos e investindo pesado em tecnologia”, pontua Marin.

Destaques da produção agrícola e pecuária

Dentro da produção agrícola, a soja segue como o principal produto, representando 37% do total do VBP do setor. A estimativa é de um crescimento de 7,3% na receita, mesmo com a previsão de queda nos preços (-4,5%), já que a produção deve aumentar 12,4%.

“A soja segue sendo a estrela do agro brasileiro, e este ano não é diferente. A estimativa é de uma safra recorde de 166 milhões de toneladas. Claro, o aumento na oferta tende a pressionar os preços para baixo, mas, no caso da soja, a demanda global ainda está bastante aquecida – principalmente da China. Isso significa que, mesmo com preços um pouco menores, o volume de produção continua garantindo uma receita expressiva para os produtores”, explica Carvalho.

Na pecuária, a projeção de faturamento para 2025 é de R$ 496,4 bilhões, um crescimento de 9,2% em relação a 2024. A carne bovina, responsável por 50,1% da receita do segmento, deve registrar alta de 17,8%.

“O mercado externo foi o grande impulsionador, com a China e outros países asiáticos mantendo um apetite forte por carne bovina. O consumo interno até teve uma melhora, mas o que realmente movimentou o setor foi a exportação, que seguiu firme com bons preços e volumes”, destaca Marin.

Já Carvalho destaca que o crescimento do setor tem sido impulsionado principalmente pelo mercado externo. Além da China, as exportações cresceram significativamente, nos Estados Unidos.

“Embora a demanda interna também tenha apresentado certa recuperação, o principal motor do crescimento continua sendo o mercado externo”, diz.

Para Marin, o crescimento do VBP é resultado de uma combinação de fatores conjunturais e estruturais.

“Tem um pouco dos dois. A parte conjuntural vem da recuperação da produtividade e da demanda externa favorável. Mas também há um lado estrutural muito forte: o agro brasileiro está cada vez mais tecnológico, produtivo e eficiente. Esse crescimento não acontece do nada—é resultado de anos de investimento e inovação no campo”, ressaltou.

Desafios e impactos na economia brasileira

Apesar das projeções positivas, Marin alerta para riscos que podem comprometer esse crescimento.

“Sempre existem riscos. O mercado de commodities é volátil, o câmbio pode oscilar e custos de produção continuam sendo um desafio, especialmente com fertilizantes e defensivos. Além disso, restrições comerciais ou mudanças na economia global podem afetar a rentabilidade do setor”, diz.

Carvalho também alerta que fatores como variações cambiais, inflação, políticas de crédito agrícola e até tensões no comércio global podem impactar o setor.

“Além disso, eventos climáticos inesperados sempre representam uma ameaça – basta lembrar o impacto das secas de 2024. O produtor rural tem aprendido a se adaptar a essas incertezas, mas é um setor que precisa estar sempre atento às movimentações econômicas e climáticas”, afirma.

“O agro tem um peso enorme no PIB, então esse crescimento reflete diretamente na economia. Setores como logística, indústria de máquinas, insumos agrícolas e comércio de alimentos tendem a sentir esse impacto positivo. No final, quando o agro vai bem, ele puxa junto vários outros setores”, finaliza Marin.

Com um cenário favorável e perspectivas de crescimento, o setor agropecuário segue como um dos motores da economia brasileira em 2025, impulsionado pela combinação de boas condições climáticas, demanda externa aquecida e avanços tecnológicos.

“O agro é um dos pilares da economia brasileira e, quando ele cresce, isso se reflete no PIB. Para se ter uma ideia, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê um crescimento de 5% no PIB do agronegócio este ano. Esse movimento deve beneficiar vários setores ligados à produção rural, como a indústria de insumos agrícolas, o setor de transporte e logística e até o comércio nas regiões produtoras. Ou seja, o impacto positivo vai além do campo e se espalha por toda a economia”, finaliza Carvalho.



Fonte: iG

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