Após um longo processo que começou em junho — quando a Guatemala realizou o primeiro turno de suas eleições presidenciais –, Bernardo Arévalo tornou-se o candidato mais votado deste domingo (20) e se tornará o próximo presidente em 14 de janeiro de 2024.
Foi uma campanha desafiadora, inclusive com questionamentos do partido perdedor Unidad Nacional de la Esperanza (UNE) quanto aos resultados da eleição, e que agora parece estar chegando ao fim.
No entanto, quem foram os vencedores e os perdedores do dia das eleições?
O grande vencedor da noite
Referência do recente Movimiento Semilla, Arévalo é o grande vencedor da disputa eleitoral, tendo superado Sandra Torres, do partido UNE, cabendo a ele substituir o atual presidente Alejandro Giammattei.
Com uma agenda voltada para o combate à corrupção e um passado de legislador e diplomata, o doutor em filosofia e sociologia de 64 anos nascido no Uruguai (durante o exílio dos pais) não era o favorito no início do processo e havia conseguido apenas 11,8% dos votos no primeiro turno, ficando com o segundo lugar.
Sobre a vitória de Arévalo, o sociólogo e analista Vaclav Masek Sánchez disse à CNN que “é uma combinação de fatores que foram mesclados nos últimos anos”. “Principalmente, o cansaço geral da população quanto à classe política tradicional que esteve no controle do Estado durante a transição para a democracia em 1985”, acrescentou.
“A surpresa da vitória de Bernardo Arévalo chocou o status quo e por meio de processos eleitorais e criminais, opositores tentaram bloquear o processo”, disse Edgar Gutiérrez, analista político e ex-chanceler da Guatemala durante o governo de Alfonso Portillo, ao programa Mirador CNN World.
Durante a campanha, Arévalo disse que para gerar desenvolvimento para a grande maioria da Guatemala, “o mais importante” é atender áreas como saúde, educação, infraestrutura, entre outras.
No entanto, considera que “o mais urgente” é acabar com a corrupção, porque caso contrário, as instituições não farão um bom trabalho.
Os perdedores do dia
Torres, que já havia sido superado no segundo turno por Jimmy Morales em 2015 e por Giammattei em 2019, voltou a ser o grande perdedor do dia, apesar de ter sido o mais votado no primeiro turno com 16% dos votos.
Ex-mulher do ex-presidente Álvaro Colom, Torres colocou a segurança como foco de sua campanha e disse que seu plano “se parece muito” com o que o presidente Nayib Bukele fez em El Salvador, que conseguiu reduzir os homicídios com a implementação de um regime de emergência e de plano de controle territorial, que também recebeu críticas de organizações locais e internacionais que consideram que a medida viola os direitos humanos.
Nenhum dos dois candidatos do segundo turno estava ligado ao presidente Giammattei, o outro perdedor da noite: a reeleição não é possível na Guatemala, mas o presidente também não conseguiu escolher um sucessor para seu projeto político.
O partido de Giammattei foi representado nestas eleições por Manuel Conde, que alcançou o terceiro lugar no primeira turno com 7,8% dos votos e ficou de fora do segundo turno que ocorreu entre Arévalo e Torres.
Afinal, foi uma campanha desafiadora: depois das eleições de 25 de junho, pelo menos nove partidos — entre eles o de Torres e o de Giammatte — recorreram ao Tribunal Constitucional por supostas irregularidades na contagem dos votos.
E em 12 de julho, a Sétima Vara de Instância Penal ordenou a suspensão das acusações contra o partido político Movimiento Semilla e de Arévalo por suposta falsificação de assinaturas de cidadãos para o processo de habilitação do partido perante o Tribunal Superior Eleitoral.
O Movimiento Semilla rejeitou essa acusação e, após vários dias de incerteza, o Supremo Tribunal de Justiça endossou que o Tribunal Superior Eleitoral oficializasse os resultados da votação geral, incluindo a de presidente e vice-presidente.
No segundo turno, a UNE, partido de Torres, também questionou os resultados por supostas irregularidades.
Com informações de Merlin Delcid e Florencia Trucco
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