A relatora da CPI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), defendeu nesta quarta-feira (9) que o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques seja novamente convocado a depor à comissão.
Eliziane Gama deu a declaração em uma entrevista coletiva na qual repercutiu a prisão de Silvinei, decretada por suspeita de tentativa de interferência nas eleições do ano passado.
Silvinei Vasques já prestou depoimento à CPI dos Atos Golpistas, mas, para a relatora, ele mentiu de forma “escancarada” e, por isso, deve ser chamado novamente a depor.
“Quando o Silvinei esteve aqui na comissão, ele mentiu de uma forma escancarada em várias linhas. Tivemos, aliás, vários pontos que conseguimos comprovar, inclusive no momento da oitiva dele, que ele estava mentindo. Encaminhamos representação ao Ministério Público Federal para que tomasse as devidas providências”, afirmou a relatora.
“Hoje, mais que nunca, a partir desta prisão, está clara a necessidade de reconvocação”, acrescentou Eliziane Gama.
Silvinei negou irregularidades à CPI
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, Silvinei Vasques entrou na mira da CPI dos Atos Golpistas em razão das operações feitas pela Polícia Rodoviária Federal em estradas no dia do segundo turno da eleição presidencial.
Na ocasião, as operações aconteceram principalmente em estados da região Nordeste, onde as pesquisas indicavam maior apoio ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adversário de Bolsonaro na disputa.
Para integrantes da CPI dos Atos Golpistas, Silvinei, na prática, buscou impedir que eventuais eleitores de Lula comparecessem às urnas e, consequentemente, ajudar Bolsonaro, que aparecia atrás do petista nas pesquisas de intenção de voto.
No depoimento à CPI, Silvinei Vasques negou ter atuado para tentar impedir a votação de eleitores de Lula, afirmando que as operações foram baseadas em dados técnicos.
Os dados apresentados por Silvinei, no entanto, são contestados por integrantes da CPI. Um desses integrantes, o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), afirma ter recebido do Ministério da Justiça dados diferentes dos apresentados por Silvinei à comissão.
Acareação
Também nesta quarta-feira, Eliziane Gama defendeu que Silvinei também compareça novamente à comissão para participar de uma acareação – quando dois depoentes são colocados frente a frente para esclarecer versões divergentes nos depoimentos.
Segundo Eliziane, a versão de Silvinei deve ser confrontada com as falas de quem ocupava o “segundo escalão” da PRF na mesma época.
Para a relatora da CPI, numa eventual acareação, será possível atestar se Silvinei falou a verdade ou mentiu quando apresentou os dados das operações no dia da eleição do ano passado.