sábado, 23 novembro 2024
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Reunião com Bolsonaro no Planalto é irregular por si só, e atos posteriores desmentem Ramagem, diz PF

Investigadores da Polícia Federal avaliam que a sequência de atos posteriores à reunião gravada no Palácio do Planalto desmente a defesa do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem – de que nada ilegal foi tratado no encontro.

A reunião ocorreu no dia 25 de agosto de 2020. Nesta segunda-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou o sigilo da gravação, encontrada em um aparelho eletrônico de Ramagem (veja detalhes abaixo).

Além de Bolsonaro e do então diretor da Abin, estavam na sala o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e duas advogadas do senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente.

Segundo a PF, logo após essa reunião em que foram discutidas as investigações da Receita contra Flávio Bolsonaro por suposta “rachadinha”, agentes da Abin passaram a espionar a vida de auditores da Receita em busca de “podres” desses servidores.

“Eles saíram usando a estrutura do Estado para benefício próprio”, diz um investigador ouvido pelo blog.

Segundo ele, essa atuação da Abin já foi identificada pela PF e desmente a tese da defesa de Ramagem e das advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach. Após a divulgação do áudio nesta segunda, os participantes ressaltaram o trecho em que Bolsonaro diz que não agiria para beneficiar ninguém.

Reunião em si já é ‘escândalo’

A Polícia Federal avalia, aliás, que o “simples fato” de Bolsonaro reunir a chefia da Abin, do GSI e as advogadas de seu filho para discutir o caso já é um “escândalo”.

Na visão dos investigadores, um presidente da República não pode usar as dependências públicas (o Palácio do Planalto) para tratar de assuntos de interesse pessoal do filho – e nem convocar Abin e GSI para montar estratégia de defesa dele.

O que o áudio revela

O áudio da conversa entre Bolsonaro, Alexandre Ramagem, general Heleno e duas advogadas do senador Flavio Bolsonaro mostra um presidente da República, durante seu expediente, discutindo com as advogadas formas de ajudá-las a anular as investigações da Receita Federal sobre rachadinha.

Em trechos da conversa, Bolsonaro dá autorização para que elas procurassem assessores indicados pelo então presidente no Serpro e na Receita Federal. A ideia era obter dados que fossem usados na defesa do senador.

Em dado momento, Bolsonaro alerta que é preciso ter cuidado para que uma conversa entre eles seja gravada. E o general Heleno alerta que tudo tem de ser feito “fechadíssimo”, para não vazar.

A avaliação da PF é que o áudio comprova que Bolsonaro usou a estrutura do governo para tentar livrar o filho de investigações no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Em outro trecho da reunião, Bolsonaro revela que Wilson Witzel, então governador do Rio, teria oferecido ajuda para blindar Flavio Bolsonaro – e que, em troca, teria pedido a nomeação de alguém de sua confiança para ministro do STF.

Fonte: Jornal de MT

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