Da Redação Avance News
Os satélites Sentinel 6, que fazem parte do programa europeu Copernicus, detectaram os primeiros sinais que indicam a chegada do El Niño, o fenômeno climático que ocorre em períodos entre três e sete anos e provoca o aquecimento das águas do Oceano Pacífico ao longo da América do Sul. A notícia traz preocupação para os produtores que podem enfrentar períodos de excesso de chuvas e/ou seca que comprometem a produção.
Com a chegada do fenômeno, há um aumento nas ondas de calor e seca com consequências para diversas partes do mundo. Publicidade Os sinais analisados ocorreram no período entre o início de março e fim de abril. Foram as chamadas ondas de Kelvin, tipos particulares de fenômenos que se formam no Pacífico Equatorial e que se propagam a partir dali, levando calor para outras áreas.
Segundo a Organização Mundial Meteorológica (OMM), “o mundo enfrenta 80% de chance de um evento El Niño se desenvolver entre julho e setembro”. Com a chegada do fenômeno, picos de temperaturas altas em muitas regiões, trazendo problemas para a agricultura.
Em Mato Grosso, por exemplo, maior produtor de soja e milho do país, o risco de atraso no retorno das chuvas para o plantio da safra 2023/2024 pode afetar a produção. A mesmo coisa pode acontecer com a segunda safra de milho, que pode ser menor por do excesso de chuvas, enquanto regiões, como partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e o oeste da Bahia, podem sofrer com falta de chuva na próxima safra, caso o El Niño realmente predomine.
SINAIS – Segundo os especialistas do Jet Propulsion Laboratory da Nasa, que fornecerem três dos instrumentos usados pelo satélite europeu, essas ondas são consideradas “precursores claros” do El Niño.
Além disso, houve detecção do enfraquecimento dos ventos alísios, que sopram de leste para oeste na região equatorial. Se os alísios estão mais fracos, podem-se verificar condições mais frescas e úmidas no sudoeste dos Estados Unidos e estiagens nos países do Pacífico Ocidental, como Indonésia e Austrália.
Com o radar altímetro, o Sentinel 6 verificou que as ondas de Kelvin tiveram altura entre 5 e 10 centímetros e larguras de centenas de quilômetros, que se movimentaram de oeste para leste através do Pacífico Equatorial em direção à costa ocidental da América do Sul.
No dia 24 de abril, foram registradas zonas de acúmulo de calor nas costas do Peru, Equador e Colômbia. Recentemente, os especialistas do Copernicus – programa da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Comissão Europeia – haviam previsto que o El Niño chegaria na segunda metade de 2023, previsão semelhante feita pelos profissionais da Organização Meteorológica Mundial, da ONU. As estimativas apontam que será um período de temperaturas recorde e secas intensas.
SAIBA MAIS
O El Niño ocorre a partir do aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico e costuma aumentar o volume de chuvas na metade sul do Brasil, deixando clima mais seco nas áreas ao norte do país.
A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru na época de Natal. Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais quentes de Corriente de El Niño em referência ao Niño Jesus ou Menino Jesus.
Na atualidade, as anomalias do sistema climático que são mundialmente conhecidas como El Niño e La Niña representam uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e que tem consequências no tempo e no clima em todo o planeta, afetando principalmente a agricultura.
Nesta definição, considera-se não somente a presença das águas quentes da Corriente El Niño mas também as mudanças na atmosfera próxima à superfície do oceano, com o enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) na região equatorial.