O que leva um funcionário com carteira assinada a pedir demissão? Os principais motivos de saída estão relacionados à possibilidade de conquista de um novo emprego pelo trabalhador e ao descontentamento com os baixos salários. Mas questões como falta de reconhecimento profissional, estresse, problemas éticos com a forma de trabalho da empresa e falta de flexibilidade também impactam essa decisão. É o que mostra o levantamento Os motivos dos desligamentos a pedido
, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A pesquisa foi realizada com 53.692 trabalhadores que pediram o desligamento da empresa entre novembro de 2023 a abril de 2024, e responderam o formulário enviado pela carteira de trabalho digital entre os dias 10 e 21 de junho.
No ano passado, foram 7,4 milhões de trabalhadores que pediram demissão (34% do total de desligados), e de janeiro a junho deste ano já foram 4,3 milhões de pedidos, representando 36% dos desligamentos. Entre os respondentes da pesquisa, 76% dos demissionados estavam satisfeitos com seu pedido de desligamento, 14% não estavam e 10% ainda não sabiam avaliar.
Conheça mais sobre as motivações que estão por trás dos pedidos de demissão dos brasileiros.
1. Surgimento de outra oportunidade de trabalho
Ter outro emprego em vista foi o principal motivo para os pedidos de demissões (36,5%), segundo o levantamento do MTE. Entre esse grupo, 58% tinham sido admitidos em contratações CLT e 42% não tiveram nova admissão verificada.
As demissões vieram principalmente de pessoas que atuavam com serviços de tecnologia de informação (59%), em ONGs (48%), serviços de engenharia e arquitetura (45%), atividades jurídicas, contábeis e de gestão (43%), educação (42%), serviços vigilância (41%), fabricação de produtos de metal (40%) e obras de infraestrutura (40%).
2. Salários baixos
A decisão da demissão em virtude dos baixos salários foi apontada por 32,5% dos trabalhadores analisados. Para o grupo que indicava ter outro emprego em vista, a menção aos baixos salários foi indicada 33% acima da média. Dos demissionários, 71% indicam que não tinham apoio familiar ou renda própria, mas mesmo assim preferiram arriscar.
O estudo também revelou que 58% dos 2,3 milhões de obtiveram recolocação no mercado formal obtiveram salários mais elevados que no emprego anterior, e entre os que tinham empregos em vista, 62% obtiveram melhora no salário.
3. Falta de reconhecimento e problemas éticos com a forma de trabalho da empresa
Outro fator que levou aos pedidos de demissão foi a falta de reconhecimento sentida por 24,7% dos trabalhadores dentro do ambiente de trabalho. Isso foi identificado principalmente entre jovens de 18 a 29 anos e mulheres.
Além disso, 24,5% alegaram problemas éticos com a forma de trabalho da empresa. Essa motivação também se mostrou mais importante entre os mais jovens.
4. Conflitos com os superiores
Problemas de relacionamento com o chefe foram relatados por 16,2% do público analisado. Mulheres relatam mais adversidades com chefias imediatas (17%), assim como 18% dos jovens de 18 a 29 anos.
5. Saúde mental
O adoecimento mental por estresse no trabalho é apontado por 23% dos trabalhadores. Apesar de ser observado em todos os segmentos analisados, o problema é mais citado por jovens de 18 a 29 anos, mulheres, indígenas, pretos e pardos.
O tema vem sendo discutido cada vez mais dentro das empresas com a ascensão da pauta ESG. A legislação brasileira também tem incentivado um maior cuidado com essa questão por meio da inclusão de novos critérios para o gerenciamento de riscos ocupacionais.
6. Falta de flexibilidade
A falta de flexibilidade também é motivo de incômodo entre os funcionários (15,7%). Uma das queixas foi a intransigência na hora de pedir dispensa parcial do expediente.
Em São Paulo, situação é agravada pela dificuldade de se locomover pela cidade e o tempo gasto diariamente para chegar ao trabalho, como 21,7% mencionaram. Esse é um dos argumentos utilizados, inclusive, para a defesa da adoção do home office ou de modelos híbridos pelas empresas.
Outro ponto que impacta principalmente as mulheres é a necessidade de cuidar de uma criança ou outro membro da família. Foi constatado na pesquisa que isso afeta 13% mais o público feminino do que o masculino.
Confira todos os resultados da sondagem do MTE.
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